O som do temido ‘mortozinho’, dentro em breve vai dando tchau para o presente e em breve vai entrar para o passado da odontologia sem deixar saudades nos pacientes. O Doutor em química e Coordenador geral do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) André Galembeck, desenvolveu um líquido a base de nanopartículas (um nanômetro equivale a um milionésimo do milímetro) de prata que trata as cáries sem causar dor ou estresse ao paciente.
Já havia uma série de estudos que comprovava a ação bactericida da prata, porém André desenvolveu a primeira pesquisa que avaliou a aplicação da substância no combate às cáries. O professor já trabalhava com nanopartículas de prata para outras aplicações, de caráter mais acadêmico, quando a Professora da faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco Aronita Rosenblatt, fez um seminário no departamento de André. "Ela tinha um produto que usava prata para o combate às cáries, mas manchava os dentes. Eu já sabia das propriedades bactericidas da prata e com o uso de nanopartículas para fins de saúde bucal as chances de haver manchas eram mínimas. A técnica envolve quantidades pequenas de prata que são liberadas pelas nanopartículas de forma bem lenta é também por isso que a formulação continua a agir por até doze meses após a aplicação", explica ele.
Segundo o Professor, podemos imaginar a existência de bolinhas de dimensões nanométricas que na cavidade do dente se dissolvem lentamente e liberam os íons de prata, que matam as bactérias responsáveis pelas cáries.
Para comprovar a viabilidade da técnica, os testes com pacientes foram conduzidos em uma escola municipal de Gravatá, no interior de Pernambuco, com crianças com idades entre cinco e sete anos. "O trabalho foi realizado ao longo de seis anos e nesse período fizemos o tratamento em mais de 6 mil crianças e não tivemos nenhuma reclamação. Após a aplicação, as crianças voltaram após uma semana, depois em cinco meses e depois em 12 meses. Em uma semana, houve uma redução de 80% das cáries; um ano depois, duas em três crianças tinham as cáries paralisadas", conta André.
Atualmente, o pesquisador aguarda o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para criar, produzir e comercializar o produto para dentistas e clínicas odontológicas. "Eu espero que em mais um ano a gente consiga autorização. O que a gente tem feito é, para quem tem condições de vir a Recifes, atender na clínica escola da Universidade de Pernambuco. A aplicação é muito simples, é só aplicar na área cariada", diz André. O grupo coordenado pelo pesquisador também estuda o desenvolvimento de um creme dental com nanopartículas de prata, para atuar como coadjuvante na prevenção às cáries.
Redação Saúde no Ar