O novo modelo de agricultura proposto pressupõe o aumento da produtividade dos sistemas agrícolas, a produção de alimentos de boa qualidade, o maior retorno financeiro dos empreendimentos, o uso reduzido de insumos agrícolas, baixa dependência tecnológica, o uso sustentável dos recursos naturais e o mínimo de impactos adversos ao meio ambiente.
Na busca de um novo modelo de agricultura sustentável deverá ser levantada também a discussão de temas importantes, a exemplo de adoção de técnicas de produção agro-ecológicas, modelos de pesquisa e extensão rural vigentes, reforma agrária, agricultura familiar, segurança alimentar, entre outros temas, como condições fundamentais para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável.
BREVE CRÍTICA AO MODELO AGRÍCOLA BRASILEIRO
A opção brasileira por um modelo de desenvolvimento agrícola, que poderíamos classificar de insustentável, trouxe vários problemas para o setor agrícola brasileiro. Este modelo de desenvolvimento agrícola priorizou desde o seu início, a utilização de práticas agressivas ao meio ambiente, como os desmatamentos desenfreados, utilização maciça de agrotóxicos e fertilizantes químicos, utilização de máquinas pesadas na agricultura, trazendo como conseqüências, a devastação de grandes áreas, a compactação e a erosão dos solos, a contaminação dos recursos hídricos e dos alimentos.
Neste contexto, a modernização da agricultura esteve sempre vinculada a adoção de “pacotes tecnológicos”, que inicialmente propiciaram um notável aumento da produção e da produtividade agrícolas, entretanto trouxeram posteriormente graves problemas ambientais para o setor.
Esta política de “modernização da agricultura” esteve sempre respaldada por uma ampla política de crédito rural, que apoiou durante décadas a expansão da “modernização” do setor agrícola.
DUARTE (1998), discutindo o desenvolvimento agrícola dos Cerrados, chegou à seguinte conclusão :
“(…) no Brasil a globalização e a modernização da agricultura trouxeram como correlatos do desenvolvimento econômico e tecnológico, a degradação e o esgotamento dos recursos naturais, bem como a concentração fundiária e de renda e, consequentemente, a exclusão e a violência no setor rural. Os cinco produtos agrícolas mais importantes que contribuem para as exportações (67% em 2002 e 60% em 2003) são produzidos por meio de práticas agrícolas, que estão, de uma forma ou de outra, associadas ao desmatamento, à erosão e à contaminação dos solos e dos mananciais hídricos”. (DUARTE, 1998 apud ASSAD e ALMEIDA, 2004, p. 7).
Essa tese é corroborada por diversos autores, a exemplo de (CUNHA, 2009), EHLERS (1999) e BELLIDO (1994), todos eles enfatizando a degradação ambiental e os impactos indesejáveis gerados pelo modelo agrícola brasileiro.
Na teorização de CUNHA (2009) :
“No Brasil, os impactos da agricultura ocorreram, como no resto do mundo, em decorrência do modelo agrícola adotado (…). O processo de desenvolvimento da agricultura brasileira repetiu o padrão de modernização convencional espalhando os principiais impactos indesejáveis da moderna agricultura, como a destruição das florestas, a erosão dos solos e a contaminação dos recursos naturais. Apesar do crescente aumento da produtividade das lavouras, promovido pela modernização, o que se viu, além dos impactos ambientais, foi um aumento da concentração da posse de terras e de riquezas e o êxodo rural (…) ”. (CUNHA, 2009).
De acordo com EHLERS (1999) :
“A agricultura moderna no Brasil, ao lado dos seus inegáveis avanços em produtividade, suscitou uma série de impactos ambientais e sociais negativos : destruição de florestas, erosão dos solos, contaminação dos alimentos, concentração de terras e riquezas e intensos fluxos migratórios para os centros urbanos, entre outros” (EHLERS 1999 apud ARAUJO & NASCIMENTO,2004).
Ao tratar do tema BELLIDO (1994) teoriza da seguinte forma :
“A agricultura nos últimos 50 anos tem aumentado a produtividade e a produção total das espécies cultivadas, tendo sido intensificada pela utilização de variedades geneticamente melhoradas, dos fertilizantes minerais, agrotóxicos, mecanização e irrigação. Ao mesmo tempo tem se distanciado cada vez mais dos processos ecológicos naturais, com nefastas conseqüências sobre o meio ambiente : ar, solo, água, flora, fauna, paisagens (BELLIDO, 1994 apud MARTINS, 2001).
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