A obesidade é uma doença grave, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, que pode acarretar sérios prejuízos à saúde do indivíduo, estando relacionada a várias doenças como Hipertensão, Diabetes, colesterol elevado, apneia do sono e doenças cardiovasculares. A obesidade também pode provocar graves prejuízos na esfera psicossocial, uma vez que está relacionada a preconceito, discriminação, isolamento social, desemprego, ansiedade, depressão e outras doenças dessa esfera.
Nas últimas décadas observa-se em todo o mundo um aumento significativo da prevalência da obesidade, inclusive no Brasil onde mais da metade da população encontra-se acima do peso e quase 20% da população adulta possui obesidade.
A doença acomete gente de todas as idades, raças e classes sociais, mas é mais prevalente em populações com maior grau de pobreza e menor nível educacional.
O diagnóstico da obesidade é normalmente baseado no IMC, índice de massa corporal, resultante da divisão do peso em Kg pela altura em metros elevada ao quadrado. A OMS classifica como obeso o indivíduo que apresenta um IMC maior do que 30Kg/m².
A origem da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais.
Dois fatores causais são citados com maior frequência e exercem papel importante no ganho de peso, são eles a diminuição dos níveis de atividade física e o aumento da ingestão de calorias. O aumento do consumo de alimentos hipercalóricos, industrializados, processados, geralmente ricos em açúcares e gorduras; a diminuição do número de refeições realizadas em casa e o aumento do consumo de fast foods; a pressa na hora de comer; o uso da alimentação como moeda, ou seja, comer exageradamente quando problemas emocionais como estresse, nervosismo e ansiedade estão presentes, são fatores que contribuem para o aumento da ingestão de calorias.
Por outro lado, cm a evolução da tecnologia, o homem diminuiu o seu gasto calórico diário. Não levanta mais para atender o telefone, mudar a televisão de canal, usa elevadores, as escadas são rolantes, o carro tem direção hidráulica, câmbio automático, trava e vidro elétricos… ou seja, o homem está cada vez mais sedentário.
A obesidade é uma doença crônica, muito difícil de tratar, não tem cura, o tratamento deve ser contínuo e individualizado. Para manter a doença controlada o portador de obesidade deve ser acompanhado a longo prazo por uma equipe multiprofissional especializada, composta por médico, nutricionista, psicólogo, educador físico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e outros especialistas que se fizerem necessários.
A população precisa entender que não existe milagre, não existe fórmula mágica. Estamos todos expostos a diversos canais de informação, inclusive internet, redes sociais, que veiculam opções de tratamento que não tem respaldo cientifico e não se baseiam em evidencias cientificas, portanto não são seguros e eficazes. O tratamento da obesidade deve ser levado a sério e deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar, como já foi dito. O tratamento deve ser pautado no controle dos fatores causais externos, passíveis de modificação, ou seja, deve envolver mudanças comportamentais, controle da ansiedade, melhora da mastigação, melhora dos hábitos alimentares e estilo de vida saudável, resultando em aumento do gasto energético e na redução da ingestão de calorias.
O uso de medicações deve ser considerado para pacientes que não obtém sucesso com essas medidas citadas até agora. Como em toda doença crônica a medicação deve ser iniciada para impedir a progressão da doença para um estágio mais grave e prevenir complicações e deve ser mantida para evitar a recuperação do peso. É preciso desmistificar essa questão da medicação, ninguém critica a prescrição de remédios para diabetes, para hipertensão, que são doenças crônicas assim como a obesidade e normalmente são mantidos a longo prazo. Já a prescrição de medicações para perda de peso é sempre criticada e vista com discriminação. É importante reafirmar que a obesidade é uma doença grave, que mata milhares de pessoas em todo o mundo e deve ser tratada de maneira séria e responsável. De acordo com a gravidade da doença e a presença de doenças associadas as medicações para perda e controle do peso devem ser inseridas, desde que sejam consideradas drogas seguras, prescritas por um médico especialista que deve acompanhar esse indivíduo avaliando seu efeito e tolerância e fazendo os ajustes quando necessário.
Se mesmo depois de tentar tudo que já foi dito aqui, reeducação alimentar, exercício físico, mudanças comportamentais, etc. e o indivíduo não atingir controle da doença, parte-se para o tratamento cirúrgico.
Diante da elevada prevalência da obesidade e da falha do tratamento clínico, a cirurgia tornou-se o tratamento de escolha para portadores de obesidade com índice de massa corpórea (IMC) maior que 35 Kg/m². O tratamento cirúrgico promove perda ponderal importante, contribuindo para melhora das comorbidades e qualidade de vida nessa população, mas tem indicações bem especificas e não é sinônimo de cura, mesmo depois da cirurgia se o paciente não mudar seu estilo de vida e hábitos alimentares ele corre o risco de apresentar falha do tratamento cirúrgico com perda insatisfatória de peso ou o que é mais comum, alcançar o peso ideal e não conseguir sustentar essa perda, ganhando novamente o peso e voltando a ser obeso.
O assunto foi tema do quadro “Comer e ser”, veiculado às segundas-feiras pelo programa Saúde no Ar. na Am 840 e Rádio Web Saúde no ar. Sintonize!
Ouça o comentário do Cláudia Daltro, Nutricionista:
CLÁUDIA DALTRO – NUTRICIONISTA
Mestre em Nutrição e Alimentos pela UFBAEspecialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN/SBNPE (Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral)Especialista em Nutrição ClinicaMembro da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica)Membro da Equipe Multidisciplinar do NTCO (Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade)
Foto: Cláudia Daltro/Internet
Fonte: Claudia Daltro
Redação: Saúde No Ar



















