O racismo no Brasil possui características e manifestações diversas, influenciadas por sua história e contexto social.
O racismo brasileiro tem suas raízes na era colonial e escravocrata, imposta pelos colonizadores portugueses. Após a abolição da escravatura, houve uma falta de integração efetiva dos negros na economia e na sociedade, a qual impactou no racismo estrutural com a pirâmide social que conhecemos hoje. Basta cruzar as dados dos indicadores sociais e a cor dos cidadãos.
O racismo estrutural é uma forma de discriminação racial sistêmica presente nas estruturas sociais de uma sociedade. Este tipo de racismo é enraizado e permeia todas as instâncias sociais, sejam elas institucionais, políticas ou econômicas. É um aspecto da cultura de um povo que contribui para a perpetuação das desigualdades e discriminação racial.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), uma grande parte dos brasileiros confirma a existência do preconceito racial, mas poucos admitem tê-lo. Além disso, é notório que a raça influencia significativamente a qualidade de vida dos cidadãos, especialmente em ambientes de trabalho, no sistema judicial e nas relações sociais.
O racismo estrutural é tão integrado ao tecido social e à história e cultura de nossa sociedade, que muitas vezes é normalizado e se torna quase invisível para aqueles que não são diretamente vitimizados por ele. Para considerar o racismo estrutural, é importante observar as desigualdades raciais presentes na sociedade.
A falta de representatividade política, a sub-representação na mídia, a baixa presença em cargas de liderança empresarial e a menor participação em formações universitárias são exemplos de como o racismo estrutural se manifesta no Brasil. Além disso, a violência urbana afeta desproporcionalmente os negros, e as expressões linguísticas e culturais refletem atitudes racistas enraizadas na sociedade.
O racismo velado no Brasil se manifesta de diversas formas, muitas vezes sendo menos explícito, mas igualmente prejudicial.
Mulheres negras e homens negros quando precisam reforçarem suas atividades profissionais no exercícios de suas profissões, mais frequentemente que mulheres brancas e homens brancos. Um outro exemplo que eventualmente ocorre em lojas de grife, é o tratamento dado ao consumidor preto comparado ao consumidor branco. Nas escolas, mesmo com os esforços dos profissionais, nas últimas décadas, ainda existem o racismo velado, quando uma criança/adolescente é preterido pelos colegas confundindo como bullying o que dificulta a identificação e o combate ao racismo real.
O racismo velado vai além das percepções sobre profissões e aparências no cotidiano, seja no culto evangélico, seja na mídia televisiva, seja na música sem intenções, seja na opressão da abordagem policial, seja na corda do carnaval. O racismo velado parece não ter cor, mas as imagens e dores falam por si.
O racismo no Brasil é complexo e multifacetado, impactando profundamente a vida social, econômica, cultural do país e no desenvolvimento do pais. Infelizmente ainda vivemos um modelo de desenvolvimento escravocrata com as sequelas do regime escravocrata, do racismo estrutural e velado, em plena revoluções do conhecimento e digital. A educação integral em tempo integral é uma via reparadora e conectada com o novo modelo de desenvolvimento vindouro.
Ezequiel de Artimateia Nascimento Oliveira
Físico com mais de 25 anos de atuação em Física Médica. Mestre em Medicina e Saúde Humana – Faculdade Bahiana de Medicina. Formado em Física pela Universidade Federal da Bahia e Pós Graduado pelo Instituto Nacional do Câncer. Diretor Executivo do Saúde no Ar, Professor do município de Camaçari. Físico Especialista em Radioterapia, Medicina Nuclear credenciado a ABFM- Associação Brasileira de Física Médica e Supervisor de Radioproteção credenciado a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. Especialização fora do país: Sistema de Gerenciamento e Planejamento em Radioterapia, VARIAN SYSTEMS, Las Vegas, USA.