Delegado afirma que violência contra idoso já chega a "genocídio"

 

Por Henri Marie

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), milhões de pessoas idosas relatam sofrer abusos. Ainda segundo a OMS, essa é uma situação que tende a piorar, já que o número de pessoas com mais de 60 anos deve chegar a 1,2 bilhão até 2025.

Dada a realidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa instituiu, em 2006, o dia 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. O objetivo da data é criar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa, e, simultaneamente, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal.

No Brasil, temos 20 milhões de pessoas na terceira idade, o que representa 11% da população, segundo o IBGE. A integridade da pessoa idosa, que é toda aquele que tem 60 anos ou mais é garantida no Estatuto do Idoso. O disque 100 é um serviço do estado que recebe denúncias de violências contra os idosos e entre as queixas mais comuns estão a negligência, que representa mais de 75% dos casos.

“O processo de envelhecimento no Brasil tem sido muito rápido, diferentemente dos países europeus que levarão 20 anos para envelhecer, aqui isso está acontecendo muito rapidamente”, explica a gerontologia, Graça Sena, ao Saúde no Ar. Ainda segundo a médica, esse é um fenômeno que assusta, porque a sociedade brasileira não está preparada para lidar com seus idosos, principalmente as famílias, “talvez seja isso que esteja gerando tanta violência contra os idosos”, supõe.

 

Quando falamos em violência, não estamos tratando apenas da violência física, mas da psicológica e econômica. Ninton José Costa, delegado especial da delegacia de atendimento ao idoso (Deat), também convidado do Saúde no Ar, chama atenção para um outro aspecto que tem gerado todo tipo de violência contra os idosos, que é a crise econômica no país. “É comum hoje encontrarmos jovens e não tão jovens assim vivendo com os pais e se apropriando indevidamente dos seus proventos, através de torturas constantes. Preocupado, o delegado ainda acrescenta: “O problema dos idosos não está sendo visto pelo poder público como deveria e chega a ser um verdadeiro genocídio”, desabafa.

Ainda segundo o delegado, as mulheres e crianças vítimas de violência possuem hoje centros de acolhimento, onde podem se abrigar com segurança, após a denúncia de maus tratos. Já o idoso, ainda carece dessa assistência. “O Abrigo Dom Pedro II, por exemplo, que recebia 380 idosos, hoje só atende 70 e, o que pior, vai fechar para virar um centro cultural.” lamenta.

Por fim, no Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, o delegado do Deat observa que a delegacia não tem como resolver todas as questões que envolvem os maus tratos aos idosos e denuncia a ineficiência e inoperância dos Conselhos Estaduais.

Saiba mais sobre o tema:

*Envelhecimento no Brasil e Saúde do Idoso: SBGG divulga Carta Aberta à população

*Estatuto do Idoso 

* Prevenção de queda

Ouça a entrevista dos especialistas na integra:

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