SAÚDE NO AR

Ser religioso não basta

Ser religioso basta? Os dóceis consumidores de religião, pura e simplesmente, podem considerar-se providos de benefícios seja qual for o seu comportamento ou a intensidade de sua fé?  A relação entre a saúde e a espiritualidade depende de como o homem vive a sua religiosidade e se fundamenta no apoio, no objetivo e no motivo que ele tem para viver. 

Para Carl Gustav Jung, o Pai da Psicologia Analítica, a religião é uma das expressões mais antigas e universais da alma humana, é um fenômeno sociológico e histórico.

A espiritualidade está presente nos indivíduos, embora poucos a desenvolvam, e assume a forma da cultura local em todas as suas épocas, e, ali se desenvolve apresentando uma significativa diversidade pelo mundo. Isto nos é revelado pela antropologia que tem estudos sobre a religiosidade dos povos primitivos realizando descobertas em suas muitas viagens sem fronteiras constatando evoluções, o que nos faz explicar o interesse atual pela espiritualização.

Há quatro elementos contidos, intrínsecos à espiritualidade que, quando combinados, auxiliam na obtenção do que se deseja inclusive na recuperação e na manutenção da saúde, quais sejam: O otimismo: costume de achar que tudo é ou resultará no melhor possível; a esperança: disposição e confiança em esperar que uma coisa se há de realizar ou suceder; o pensamento: esboço de uma ideia, invenção, intenção e a vontade: ânimo que nos inclina a uma ação para a realização de um desejo ou de uma necessidade.

O otimismo traz em si a positividade qualifica assim a esperança mantendo-a acesa e renovada constantemente. O pensamento esboça e idealiza o propósito, o que se deseja e serve de energia abastecendo a vontade que uma vez alimentada e nutrida nos coloca em movimento rumo ao que se espera.

A fé se sustenta da conjunção da esperança com a vontade e se expressa na adesão absoluta àquilo que se considera verdadeiro e possível. Esta fé está presente no sujeito espiritualizado tendo por objeto ou instrumento quer seja a energia, o cosmo, o universo, uma divindade, um ser supremo ou uma força maior e nela acredita, confia e se vincula com alguma intensidade produzindo emoções negativas que favorecem as relações neurais.

Apesar de haver dimensões humanas ainda inacessíveis aos braços científicos nota-se grandioso avanço nas questões ligadas ou que avocam a espiritualidade. A psiconeuroimunologia é um ramo da ciência que estuda as interações entre os sistemas nervoso, endócrino, imunológico e o comportamento, buscando compreender sua relação com os processos mentais e a saúde do indivíduo e já percebe a influência das emoções nos efeitos dos sistemas imunes.

A Neurociência é outro ramo que se dedica ao estudo do sistema nervoso e do cérebro como um todo. Tem um caráter interdisciplinar, já que o organismo humano é complexo e sistêmico, por contribuir com outras disciplinas a exemplo da física, química, biologia, medicina, filosofia e psicologia. Ela afirma que, reconhecendo a maneira de agir, de se comportar, de decidir, pode-se mudar as atitudes e pensar de maneira mais otimista. Pensar de maneira otimista é suficiente para fazer o indivíduo agir de maneira mais positiva e tomar decisões igualmente mais positivas realizando melhores escolhas para si mesmo assegurando a saúde mental permitindo, assim, ao indivíduo a tornar-se qualquer coisa, o que quiser, dependendo somente de como usa o cérebro que tem.

Em uma parte do cérebro chamado de hipotálamo são produzidos peptídeos que são relacionados a cada emoção. Quando sentimos angustia, por exemplo, o hipotálamo libera os peptídeos e relacionados com hormônios neurais combinarão com os estados emocionais que sentimos diariamente. Os peptídeos são liberados pela glândula pituitária na corrente sanguínea e são absorvidos pelas células. Essa reação pode até alterar o seu núcleo e estas células se reproduzirão alteradas.

Embora se trate de uma observação difícil de ser demonstrada, experimentos constatam que pacientes em fase terminal, sem que soubessem, foram acompanhados por gruposde oração, a eles próximos ou distantes, compostos por membros de diferentes religiões, apresentam produção de proteína estimulada que, por sua vez, de algum modo interferiamno sistema imunológico, influenciando a sobrevida daqueles pacientes. Mesmo os que não se consideram religiosos, ao contrair uma enfermidade entram em contato com a religiosidade ou com uma vivencia espiritual qualquer.

O estado mental é responsável pela qualidade e nível da energia psíquica que explica os fenômenos mentais e teve seu conceito trazido por Jung. Esta energia psíquica que corresponde ao estado mental determina o tipo das emoções presentes nos indivíduos.As negativas como sentimento de culpa, mágoa, rancor, ódio, medo, orgulho e as demais semelhantes estimulam a produção de toxinas capazes de adoecer aqueles que se deixam assim influenciar por elas de forma recorrente. Por outro lado a, as positivas a exemplo da alegria, da paz, da aceitação, da serenidade, do otimismo, dentre outros bons sentimentos aos quais se une a fé ativam e intensificam a produção de hormônios que animam, revigoram, e dão a sensação de felicidade.

Diante de tantas contribuições espirituais e científicas, vivemos um período convidativo a uma vida consciente e plena o que torna premente e favorecida uma posição nova diante das questões cotidianas de forma que nossos males possam ter uma solução definitiva. Sofremos os efeitos do mal mas ainda insistimos nele e já podemos nos permitir sair desse ciclo vicioso e buscar a evolução que nos levará a um estado permanente de bem estar, de alegria, de beleza, de paz, de amor.

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