Autoconhecimento e o bem estar

Autoconhecimento e o bem estar

Oprimida, infeliz, deslocada do seu ambiente familiar, profissional. Esta pessoa não está bem consigo mesma, já, possivelmente, adoecida, e precisa tomar uma atitude!

As pessoas que conhecemos, e veja se não nós mesmos, estão correndo atrás de coisas que lhes façam felizes. Trabalham e lutam muito para ter e, assim, assegurarem um espaço no pedaço da felicidade que couber ao mundo. Buscam, sem freios, em todos os instantes e momentos a felicidade e esquecem, simplesmente, de serem felizes. Mas lá na frente, conseguindo ou não o que se quis, olham para trás e se apercebem que o tempo passou.

Quando se procura o autoconhecimento, buscando-se saber quem eu sou, o que eu quero fazer, o que é bom pra mim, o que eu estou fazendo aqui, não se exclui as buscas pelo que nos trás o conforto. Somos, ainda, matéria que veste a alma  e precisamos do material que nos assegure a sobrevivência e nos viabilize a caminhada. Essas propostas não são excludentes. Ter a casa, ter o carro, ter uma situação profissional desejada certamente interfere no bem estar de qualquer indivíduo. Mas ainda que se chegue nesse ponto existirá um sentimento de vazio, uma sensação de que falta alguma coisa, e a resposta para isto está em si mesmo.

Quem sou eu? Pergunte-se! Encontrou a resposta? Que tal ficar sozinho um tempinho? Vez por outra. Você com você mesmo. Respirar cadenciada e serenamente; meditar. Ler-se; estudar-se. Procurar-se dentro de si. Encontrar-se. Não fomos criados para convivermos conosco, nos construir ou nos melhorar. Fomos orientados a ter conhecimentos, a ter competências, a ter patrimônio, a ter amigos, a ter poder, a ter…, a ter…, a ter…. E o ser, não importa? O como sou hoje é completo, perfeito, me preenche, me basta? O que em mim são retalhos, remendos, adaptações, neuroses? O que de mim está escondido, recôndito e repousa por sob do tapete que me ornamenta? O que de mim não quero ver nem admitir?

Não raro são aqueles que partem em busca da felicidade e nessa direção se determinam tanto que não se perguntam sobre o que gostam e que os fazem felizes. Sem as respostas, se movimentam em direção ao mundo. Por vezes, renunciam até mesmo ao que lhes fazem bem e justificam a si mesmos: a sociedade exige outra coisa; o que as pessoas vão dizer? Todos estão fazendo concursos então eu vou, também, fazer. O meu pai é médico tenho até o sobrenome, já terei nome, o endereço, referência, tudo construído. Então: vou ser Médico… Meu pai vai gostar!

Influem, também, as crenças limitantes, aquelas que insistem em dizer pro sujeito: não, eu não posso; não , eu não consigo; eu não nasci pra isso; isto não é pra mim; é tão difícil! Qual é o protótipo de ser que se cria com tudo isto? Os que vemos tantos e numerosos transitando nas ruas e avenidas, atravessando inseguros pelas faixas de segurança, sorumbáticos, pensativos, ansiosos… Naquele que resolveu viver pra se abastecer do eu tenho, o que eu queria ser ficará sempre do lado de cá da rua, não atravessará com ele, não o acompanhará; até por que a velocidade exigida para o ter é muito, muito diferente e bem maior que aquela bastante para se ser.

O foco, exatamente o instrumento que nos ajuda a utilizarmos a energia psíquica de maneira racional, inteligente e sem desperdícios, é direcionado predominantemente para o que não deu certo. Ainda que único no dia, diante do infortúnio de algum evento desastroso, nos permitimos afirmar para o Universo que nada mais dará certo; que até o fim da noite tudo estará completamente perdido. Revisitamos o passado e dele trazemos para o hoje o que nos dói e ressentimos com prazer aquilo que abriu ferida.

Andamos reticentes e desconfiados de tudo e de todos. No outro só vemos o indesejável, os erros, as incoerências, as hipocrisias e nos permitimos afetar por tudo isto; nos entristecemos e nos esquecemos de nós mesmos e de tudo que nos possa fazer bem. Mas apontamos o dedo ao outro e dizemos: foi ele! Foram eles! O mundo é o culpado! Eu? Ah! Eu sou, simplesmente, perfeito!

Somos esmerados atores sociais. Exercemos diversos papéis na vida, e cada um deles com sua respectiva máscara. Tem de ser assim. É assim. São nossos, por vezes, o papel de pai, de mãe, de irmão, de profissional, de marido, de esposa, de amigo, de filho, de irmão, de estudante. Mas… Cadê o papel do Eu quero ser? Por que relutamos em escalá-lo para entrar em cena na novela da nossa vida? Será que não tem script pra ele? Ou esse papel não vende a nossa imagem, aquela que a sociedade deseja, espera e valida?

Tem roteiro sim e está escrito dentro do próprio eu. Num lugar que não costumamos ir. Onde sentimos medo de nos encontrarmos e nos descobrirmos abandonados, entregues ao nosso passado,  enxergando-nos criança agachada no canto de um quarto escuro e úmido das nossas sombras, já sem voz e sem lágrimas, chamando por ninguém.

Tem enredo sim e busca-lo requer aceitação, indulgência sobre si mesmo, sinceridade como ferramenta para escarvar e não deixar nada mais soterrado por mais desagradável que seja e por mais que nos doa; coragem pra trazer tudo de lá e apresentar ao ego dando-lhe a oportunidade de, com os olhos do presente e usando do perdão, rever e fazer as pazes com esse passado escuro e impactante, desta vez vendo os seus valores e suas propriedades curativas.

Mas… me diz… de verdade: Eu sou mesmo o que pareço ser? Eu sou realmente o que demonstro aos que me vêm? Em me sendo apresentado a mim, me reconheço ou me estranho? Sou um conjunto do construto do que quero ou um pacote de renúncias forjado, autômato, peregrino e ambulante fugindo de mim?

Ser feliz passa por fazermos o correto uso das nossas emoções, positivas e negativas – sim, por que não?? Somos ainda imperfeitos e as temos! – expressando-as de forma adequada, oportuna, vestidas até de seda – que seja! – mas  sem retê-las nem contê-las. A nossa transformação passa por isso. Passa por nos reconhecermos nos atos, atitudes, ações e reações manifestadas nos momentos de convivência com aqueles que nos são mais íntimos posto que é na intimidade que aflora o nosso verdadeiro eu, nos trazendo do profundo o material que precisamos, corajosamente, tratar.

Nós somos perfeitos, somos energia, somos luz, assim diz a Física Quântica. A Neurociência que já revela o conteúdo fisiológico da nossa caixa preta assevera que fomos engenhosamente produzidos com uma capacidade infinita. E somos assim por sermos parte perfeita de um todo perfeito. O que há em nós na matéria há também no universo e isso nos faz um com Ele. Nós somos importantes e merecemos a nossa própria atenção. Somos o nosso próximo mais próximo de nós. Nós somos, na verdade, o nosso primeiro próximo e, como tal, devemos nos amar por que aqui estamos para sermos, não para termos, estamos aqui para trabalharmo-nos e evoluir!

Robson Cunha 

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