A equipe da professora Débora Zuccari, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), demonstrou a ação da melatonina para combater células de câncer humano e evitar que elas se espalhem pelo corpo. A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, cuja principal função conhecida é regular o sono, mas já se sabia que ela tem potencial de ação contra células do câncer e que sua ausência causa obesidade e diabetes – na verdade, alguns pesquisadores já chamam a melatonina de uma nova fonte da juventude.
Recentemente, pesquisadoras brasileiras chefiadas pela doutora Débora realizaram experiências com esse neuro-hormônio contra a metástase do câncer de mama, tanto em células cultivadas em laboratório, quanto em modelos animais. O grupo de animais tratado com melatonina apresentou 40% menos metástase do que o grupo placebo.
Segundo a pesquisadora Thaiz Ferraz Borin, principal responsável pelos novos experimentos, “ esses dados reforçam a hipótese, já apontada em estudos anteriores do grupo, de que doses terapêuticas de melatonina – acima do que normalmente é encontrado no organismo humano – poderiam funcionar como adjuvante no tratamento do câncer,” reforça .
Thaiz trabalhou com um tipo agressivo de tumor de mama conhecido como triplo negativo, que não responde nem ao tratamento antiestrogênico, nem à quimioterapia e nem à radioterapia, além de ter maior tendência a formar metástase.
Para ela, o objetivo é entender por meio de quais mecanismos a melatonina atua, pois isso pode favorecer novas abordagens terapêuticas contra o câncer.
“Nós temos estudado como a melatonina afeta a angiogênese (formação de novos vasos que vão nutrir o tumor), o microambiente tumoral (que pode favorecer ou dificultar a passagem das células malignas para a circulação), a formação de metástase e a expressão de proteínas e de microRNAs importantes para a progressão da doença,” contou Débora.
A pesquisadora acrescenta que já está nos planos do grupo a realização de ensaios clínicos com pacientes portadores de câncer de mama que não respondem a outros tratamentos.
*Redação Portal Saúde no Ar