Chikungunya pior que zika, diz pesquisa

Chikungunya pior que zika, diz pesquisa

Foto: Divulgação

Zika (1)O primeiro pesquisador a levantar a hipótese de relação entre zika e microcefalia em Pernambuco, Carlos Brito, cientista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirma que a dispersão da febre chikungunya pelo Nordeste tem deixado um rastro de adultos e idosos com dores crônicas graves que sobrecarrega os serviços de saúde.

"O grande desafio para o governo serão essas grandes epidemias. Ainda não sabemos a dimensão do que vai acontecer com a epidemia de zika em outras regiões do país", disse ele. "Mas a chikungunya vai trazer mais surpresas do que a própria zika e a dengue. Como pesquisador, tenho ficado impressionado com seus efeitos."

Enquanto a dengue é capaz de atingir cerca de 5 a 10% de uma população, a chamada "taxa de ataque" da chikungunya pode chegar a 50%, avalia Brito. A zika, cujo percentual de atingidos ainda é desconhecido, deve ficar entre as duas, ele estima.

De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde, já são mais de 64 mil notificações de casos de chikungunya até 23 de abril de 2016, contra 38 mil em 2015. Mais de 11 mil casos foram confirmados em todo o país.

Brito, no entanto, diz acreditar que os números são muito maiores: "Pernambuco, por exemplo, está dizendo que o maior número de casos este ano é de dengue, mas nós vemos pouquíssima dengue na prática. O maior número é de chikungunya, e há uma subnotificação impressionante por uma série de razões, incluindo despreparo dos profissionais para fazer as notificações de forma correta".

Em seus primeiros dez dias, os sintomas da chikungunya costumam ser febres, fortes dores e inchaço nas articulações dos pés e das mãos. Em alguns casos, ocorrem também manchas vermelhas no corpo.

Mas, mesmo com o fim da viremia, o período em que o vírus circula no sangue, a dor e o inchaço causados pela doença podem retornar ou permanecer durante cerca de três meses. Em cerca de 40% dos casos, eles tornam-se crônicos e podem permanecer por anos.

"A intensidade do sofrimento dos pacientes para mim foi uma surpresa, mesmo que a literatura já falasse disso", diz Brito. "São pessoas que podem ficar meses sem conseguir trabalhar, com dores muito intensas que não melhoram com analgésicos habituais como dipirona e paracetamol."

"Elas têm dificuldade de andar, de pentear o cabelo, de tomar banho sozinhas. E isso acontece na parte produtiva da vida, porque a maioria dos acometidos são adultos e idosos. Então além do impacto na qualidade de vida, há também um impacto econômico de dimensão ainda não calculada," acrescentou Brito.

Redação Saúde no Ar*

Ana Paula Nobre

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