A maior epidemia dos últimos dez anos no Brasil é a sífilis, aponta o coordenador de Comunicação da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Cunha. De acordo com o especialista, os dados são chocantes e a explosão da doença está relacionada a diminuição do uso de preservativos. As informações são da Agência Câmara.
Alexandre Cunha que participa sempre de audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família para discutir o desabastecimento de benzetacil no âmbito do SUS, destaca que os casos ocorrem tanto em pacientes do SUS – Sistema Único de Saúde – quanto das redes privadas. O medicamento benzetacil é o mais indicado para o tratamento da sífilis e da febre reumática.
Segundo o especialista, a situação é caótica em várias regiões do País, como por exemplo, no Rio de Janeiro. Ele ressalta ainda que em Brasília, há pacientes da rede privada que precisam ir a Goiânia para comprar o benzetacil.
Cunha salientou também o aumento da incidência de sífilis congênita – transmitida da mãe para feto via placenta – no Brasil. “Para outras formas de sífilis, podemos até ter outras opções, mas para o tratamento de gestantes só com a penicilina”, disse.
O especialista recomendou uma maior restrição do uso da penicilina para gestantes, no entanto, que sejam usados os laboratórios farmacêuticos públicos para a produção de antibióticos de alta demanda, como a própria penicilina. Alexandre Cunha que atende pessoas de todas as classes com sífilis, destaca que não é a falta do uso de penicilina que trouxe o aumento da sífilis no Brasil.
Adele Shwartz Benzaken, diretora do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST, AIDS e Hepatite Virais do Ministério da Saúde, afirma que houve um aumento de testes que identificam a sífilis congênita e que confirmam a epidemia da doença no Brasil. Segundo a diretora, apenas em 2015, foram realizados mais de um milhão de testes.
Quanto ao aumento de mortes por sífilis congênita no País, Adele destacou que o desabastecimento da penicilina tem contribuído com as incidências. De acordo com a diretora, 41% dos estados estão com estoque zero do produto e 59% já relatam algum tipo de desabastecimento.
Segundo ainda Adele Benzaken desde que foi identificado o aumento de sífilis congênita no Brasil – há cerca de dois anos – o governo vem tomando providencias. A diretora salienta que entre as estratégias adotadas em várias cidades do País, estão campanhas; criação de comitês regionais de investigação; observatórios regionais; cadernos de boas práticas e atenção básica; pareceres de entidades médicas; e conselhos de enfermagem para controlar a epidemia.
*Redação Saúde no Ar