SAÚDE NO AR

USP ganha Centro Nacional de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental

O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP ganhou um Centro Nacional de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental. A iniciativa acontece em parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Banco Industrial do Brasil (BIB) e as prefeituras de Indaiatuba e Jaguariúna, onde a universidade privada UniEduK, também parceira,  tem polos.

“Sempre foi um grande propósito nosso desenvolver ações que pudessem aliviar o sofrimento das famílias e dos portadores de doenças mentais e contribuir para a nova formação de recursos humanos na área de saúde mental. Esses são os dois pilares desse projeto e a gente acredita que consegue alcançar esses objetivos gerando conhecimento“, diz o professor Eurípedes Constantino Miguel, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, também coordenador do projeto.

Estrutura

No período da pandemia, diversos centros de pesquisa formaram parcerias para a realização de estudos a respeito do vírus. Analisando as conexões formadas, o professor Luis Augusto Rohde, do Departamento de Psiquiatria da UFRGS, coloca que esses avanços na área de pesquisa não se limitam apenas à época passada: “Ciência não se desenvolve de forma isolada, hoje em dia, os grandes avanços em termos de ciência, e não é diferente na área de saúde mental, dependem de uma interação positiva, sinérgica, entre centros de excelência de pesquisa. Isso é uma das características que a gente pode aprender, reforçar, com a pandemia e que a gente buscou trazer para dentro dessa iniciativa, no sentido de poder dar um retorno para a população“.

O projeto está dividido em três módulos: o primeiro busca quais os determinantes para problemas de saúde mental mais importantes na população, principalmente, focando em pacientes no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul. O segundo, soluções digitais de saúde mental para que possam chegar a toda a população. O módulo três, o que a gente chama de ciência de implementação. Sobre esse último, Rohde acrescenta: “A ciência de implementação é fazer com que os dados de pesquisa realmente sejam implementados. Isso tudo, no momento inicial, deve acontecer nos municípios de Jaguariúna e Indaiatuba, mas, com certeza, tendo uma experiência frutífera em termos dos resultados da população rapidamente estendíveis para outros municípios de todo o Brasil”.

Desenvolvimento

Miguel cita que eles pesquisam há 13 anos fatores de risco em crianças que possuem uma predisposição genética de desenvolverem doenças mentais. Com esse, e muitos outros estudos, é possível desenvolver ferramentas mais tecnológicas e distribuí-las à população no geral: “Vamos fazer ensaios clínicos para ver se são eficazes ou não. Uma vez que a gente mostra que essas intervenções são eficazes, vão fazer a ciência da implementação. Depois, sendo eficazes, a gente vai chegar para o poder público e falar que nós temos propostas que podem ser escaladas e disseminadas pelo País para se transformarem em políticas públicas”, coloca o professor Eurípedes Constantino Miguel.

Além disso, o foco está em também poder melhorar a adesão dos indivíduos aos tratamentos das doenças mentais: “Vamos buscar trazer um dos grandes problemas em termos de ciência e na área de saúde, que muita coisa é testada em ensaios clínicos, dentro de centros acadêmicos, e não é avaliado no mundo real, onde as populações vivem. Esse braço, juntando inovação, tecnologia e ciência de implementação, é onde reside o grande aspecto inovador desse projeto”, completa o professor Luis Augusto Rohde.

“Não existe saúde sem saúde mental. Quando a gente olha para o sistema de saúde, cerca de 80% das pessoas têm esses problemas, mas há uma dificuldade de acesso ao serviço de saúde. Propostas como essa, que nós estamos fazendo, podem atender em escala a população de uma forma geral, diminuir esse gap”, comenta Miguel sobre a área da saúde mental no Brasil. O professor Rohde completa: “Nós vamos nos focar e dar ênfase naqueles problemas de saúde mental que são mais comuns na população, como ansiedade, depressão, insônia, e vamos procurar soluções inovadoras para poder atingir a população em termos do Sistema Único de Saúde”.

 

Fonte: USP

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