Redação | Saúde no Ar
13 de junho de 2025
Introdução: a pergunta que sangra o tempo
“Quantas guerras valem uma paz?” – a interrogação ecoa não como uma questão estatística, mas como um lamento da humanidade. Em pleno século XXI, cercado por avanços tecnológicos e promessas de progresso, o mundo assiste, em tempo real, à eclosão ou à permanência de conflitos em Gaza, Ucrânia, Sudão, Síria, Irã, Israel. As telas se tornaram espelhos do sofrimento humano. Crianças em ruínas, civis esmagados sob escombros, soldados anônimos tombando em nome de bandeiras. Mas, afinal, quantas vidas precisam ser perdidas para que possamos, enfim, valorizar a paz?
O cenário atual: guerras em frentes múltiplas
A guerra entre Rússia e Ucrânia já ultrapassa dois anos. O conflito entre Israel e Palestina continua a devastar gerações. O recente confronto Israel-Irã ameaça incendiar toda a geopolítica do Oriente Médio. No continente africano, a guerra civil no Sudão destrói a coesão de um povo já marcado por injustiças históricas. Conflitos esquecidos pela mídia seguem corroendo comunidades no Iêmen, na Etiópia e em outras partes do globo.
Por trás de cada guerra, o discurso da “segurança”, da “autodefesa”, do “interesse nacional”. Mas o que se ergue sobre os destroços não é segurança, nem justiça — é o trauma, a orfandade coletiva, o deslocamento de milhões, a fome, a perda da fé no outro.
Filosofia da guerra: a desumanização do adversário
Desde a Antiguidade, a guerra foi romantizada como meio de conquista ou como expressão de heroísmo. Mas grandes pensadores — de Kant a Simone Weil, de Hannah Arendt a Byung-Chul Han — alertaram para o vazio moral da violência institucionalizada. Weil escreveu: “A força é aquilo que faz um ser humano uma coisa.” A guerra é o ápice da força. E transforma homens, mulheres e crianças em estatísticas.
A modernidade, ao industrializar o conflito, também industrializou a indiferença. Drones substituem soldados, algoritmos decidem alvos, e a ética se dilui entre botões e satélites.
A paz como construção — não como ausência
Mas a paz verdadeira, como já dizia Spinoza, “não é a ausência de guerra, mas uma virtude, um estado de espírito, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça.”
A paz não é um fim, mas um processo relacional. Um exercício diário de escuta, perdão e empatia. Ela exige investimento mais difícil que o armamento: exige educação, diálogo, equidade e justiça social.
Estudos da psicologia social e da neurociência afetiva indicam que ambientes pacíficos favorecem o desenvolvimento da empatia, da criatividade e da inteligência emocional. Sociedades pacíficas tendem a prosperar em saúde mental, inovação e cultura. A paz permite que o humano se reconheça no outro — e aí reside o seu maior poder.
Desfechos: o que a guerra deixa, o que a paz constrói
Toda guerra, ainda que “vencida”, deixa ruínas invisíveis: traumas intergeracionais, feridas morais, desconfiança entre povos. A paz, quando construída com justiça, gera vínculos, constrói pontes, sara cicatrizes.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa se reinventou com base na paz institucional — e deu origem à União Europeia. O pós-apartheid na África do Sul demonstrou, através da Comissão da Verdade e Reconciliação, que justiça restaurativa pode curar.
O desfecho da guerra é silêncio entre destroços.
O desfecho da paz é o recomeço.
Conclusão: a paz como escolha ética e espiritual
Os maiores líderes espirituais do nosso tempo não falam da paz como utopia, mas como dever humano.
📜 Papa Francisco: “A paz exige uma justiça social e a capacidade de colocar-se no lugar do outro.”
📜 Dalai Lama: “A paz mundial deve nascer da paz interior de cada indivíduo.”
📜 Desmond Tutu: “Sem perdão, não há futuro.”
📜 Martin Luther King Jr.: “A paz não é apenas um objetivo distante, mas o meio pelo qual chegamos a esse objetivo.”
A história já mostrou que o preço da paz é alto. Mas o custo da guerra é incalculável.
Quantas guerras mais vamos precisar viver até que entendamos que nenhuma vale mais do que uma paz construída com justiça, compaixão e verdade?