‘Problema da saúde não é gestão’, diz ex-ministro

IMG_3222O médico sanitarista, professor universitário e ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, em visita a capital baiana, concedeu entrevista exclusiva, nesta sexta-feira (17), ao programa Saúde no Ar, na Rádio Excelsior AM 840. Em conformidade ao tema que veio tratar em  dois eventos, o ex-ministro falou das perspectivas do SUS no Brasil a partir das propostas do governo interino de Michel Temer, que tramita na Câmera dos Deputados.  
 
Artur Chioro rebateu o atual ministro da saúde, Ricardo Barros, sobre seu argumento na palestra que ministrou  recentemente no evento em comemoração aos 10 anos de atuação do Hospital da Bahia, nesta última segunda-feira (13), quando afirmou que o problema da saúde brasileira é gestão. 
 
"Novo ministro interino tem falado que o problema na saúde não é pouco dinheiro, mas, sim, gestão. É claro que em qualquer lugar, ou até mesmo em nossa casa, temos que melhorar a gestão, para poder gastar cada centavo da melhor forma possível. Para termos uma noção, o sistema de saúde da Inglaterra, gasta por habitante três mil dólares por ano, já no Brasil é apenas 525 dólares. Toda vez que vem com essa desculpa, é gestão, é corrupção, temos que enfrentá-lo. Mas, é claro, que esse é um argumento para tirar mais dinheiro da saúde, e impor aos brasileiros a compras de planos de saúde e estimular o setor privado em detrimento da saúde pública", explicou o ex-ministro.  
 
Segundo Chioro, durante os dois anos que foi ministro da saúde no governo Dilma, houve uma contribuição significativa para a saúde no Brasil. Assim como, na estruturação da rede base, ou seja, da estratégia saúde da família.
 
IMG_3218"Desde quando o SUS foi constituído, há 28 anos, nós sabíamos que não adiantava continuar com o modelo anterior, onde por qualquer problema, as pessoas tinham que correr para os hospitais. Então foi muito importante termos finalizado essa expansão. Hoje temos 92% de atenção básica, 93% de saúde da família no Brasil inteiro”, explicou Artur Chioro.

Para ele o governo aproveitou as oportunidades. "Implantamos coisas importantes como: introduzir a vacina contra o HPV no SUS, contra Hepatite A, a Política de Desenvolvimento Produtivo e programa Brasil Sorridente", complementou. 
 
Mais Médicos 
 
O Mais Médicos é uma lei federal aprovada que faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, tendo três eixos: melhoria das infraestruturas das unidades básicas, visando garantir condições de atendimento digno para população e condições de trabalhos para os profissionais;  provimento emergencial composto por médicos brasileiros, cubanos, argentinos, portugueses e de outras nacionalidades para trabalhar no Brasil e o aumentar o número de faculdade, cursos e vagas de residenciais medicas no país. 
 
 "O programa foi uma proposta da presidente Dilma, para apoiar as prefeituras, onde conseguimos 18,268 médicos, para garantir atendimento base para 63 milhões de pessoa. Só na Bahia, foram 5 milhões que passaram a ter o programa" 
 
Farmácia popular 
 
O programa Farmácia Popular, estabelecido do início do governo Lula, passou primeiro pela ampliação de medicamentos que são distribuídos gratuitamente nos postos de saúde, além de serem também distribuídos nas redes particulares para os clientes que possuem planos de saúde pela empresa, mas não conseguem comprar os remédios. São 112 medicamentos, 12 deles distribuídos gratuitamente nas redes das farmácias. 
 
"É um programa que veio para mudar a saúde do paciente, porque não adianta ter um bom atendimento nas consultar ou exame, e faltar o medicamento", afirma o ex-ministro.
 
 Sobre a eminência do programa não conseguir se sustentar no futuro, ele falou. "Quando eu sai do ministério, outubro do ano passado,  já havia avisado que esse programa precisaria ser suplementado, porque  só chegaria até o final do mês de agosto, explicou. 

Redação Saúde no Ar*

João Neto
 
 

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