Por que Ética e Solidariedade devem ser pilares da Educação Fundamental no Brasil
Em tempos de polarização, violência nas escolas, intolerância e desigualdade, a pergunta que se impõe com urgência é: que tipo de sociedade estamos formando a partir da educação que oferecemos às nossas crianças? A resposta remete a dois princípios esquecidos nos currículos escolares e nos planos de gestão pública: ética e solidariedade.
Enquanto o Brasil enfrenta crises sociais crônicas, como o aumento da desigualdade, a banalização da corrupção, o descrédito nas instituições e a violência urbana, cresce a percepção de que essas feridas não se curam apenas com investimento em infraestrutura ou tecnologia. É preciso investir em formação humana desde a base — e isso significa educar para valores.
📚 Fundamentos teóricos: mais do que saber, é preciso ser
A pedagogia crítica, inspirada em pensadores como Paulo Freire, sustenta que educação é um ato político, e que ensinar exige ética, diálogo e compromisso com o outro. Já Jean Piaget e Lawrence Kohlberg, psicólogos do desenvolvimento moral, apontam que valores como empatia, justiça e respeito são construídos na infância, e precisam ser vividos em sala de aula, não apenas recitados.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil reconhece oficialmente a “formação ética” como uma das competências gerais da educação básica, mas, na prática, a ética é muitas vezes tratada como um apêndice de disciplinas, e não como um eixo transversal da aprendizagem.
📉 Educação sem ética: o reflexo nas ruas e nos índices
A ausência de uma formação ética e solidária se traduz em comportamentos individualistas, naturalização do jeitinho, descrença nas regras coletivas e falta de coesão social. O “jeitinho brasileiro”, muitas vezes romantizado, é, na verdade, um reflexo cultural de uma ética instrumental e oportunista, onde vale mais se dar bem do que fazer o certo.
O resultado está nos números:
- O Brasil ocupa as últimas posições no Pisa (avaliação internacional de educação) em leitura crítica e resolução de conflitos;
- Apresenta um dos maiores índices de violência escolar da América Latina;
- Está entre os países com maior percepção de corrupção no setor público, segundo a Transparência Internacional;
- E exibe uma crescente erosão da confiança nas instituições democráticas.
🌍 Modelos internacionais: ética, solidariedade e alto desenvolvimento humano
Países com os melhores indicadores sociais, como Finlândia, Islândia, Noruega e Canadá, incorporam a ética e a empatia como fundamentos curriculares, desde os primeiros anos de vida escolar. Nessas nações:
- A resolução pacífica de conflitos é ensinada como prática cotidiana;
- Há educação emocional estruturada no currículo;
- Os professores recebem formação contínua em cidadania e diversidade;
- A escola é vista como comunidade solidária, não apenas espaço de instrução.
Os resultados são evidentes:
- Altos índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) — Noruega (0,961), Suíça (0,955), Irlanda (0,945);
- Baixa desigualdade;
- Altos níveis de confiança social e bem-estar subjetivo;
- Menor incidência de corrupção e maior participação cidadã.
🧩 Desfechos de uma educação baseada apenas no conteúdo
Quando a escola abdica de formar cidadãos e se limita a treinar para testes e fórmulas, ela abre espaço para um sujeito tecnicamente competente, mas moralmente indiferente. Um profissional que sabe calcular juros, mas não vê problema em fraudar contratos. Um cidadão que conhece a Constituição, mas não se sente responsável pelo outro.
Sem ética e solidariedade como eixo pedagógico, a educação deixa de ser projeto de sociedade e se torna apenas preparação técnica para o mercado — e é assim que produzimos uma elite funcional, mas insensível; e uma população que consome, mas não convive.
🌱 O caminho: ética como experiência, solidariedade como cultura
Trazer a ética e a solidariedade para o centro da educação fundamental não é tarefa de uma disciplina, mas de toda a escola:
- Ética e solidariedade como disciplinas em ações permanentes
- Na forma como se resolvem conflitos no pátio;
- Na maneira como o professor escuta seus alunos;
- Na escolha de projetos coletivos em vez de competições estéreis;
- Na valorização do cuidado mútuo e da diversidade.
Investir nisso é desenvolver capital humano e social, base para o progresso de qualquer país — inclusive o Brasil.
📌 Conclusão: ou educamos para a solidariedade, ou regredimos como civilização
A crise ética que o Brasil atravessa é, em parte, reflexo da ausência de uma educação formadora de consciência e responsabilidade coletiva. Não é possível imaginar um futuro justo, seguro e sustentável para o país sem que ética e solidariedade sejam cultivadas desde os primeiros anos de vida escolar.
Países que entenderam isso colhem hoje os frutos de uma sociedade mais pacífica, igualitária e confiante em si mesma. O Brasil ainda pode trilhar esse caminho — mas é preciso começar agora, e pela base.
🔍 Palavras-chave em destaque: Ética na educação, solidariedade escolar, formação cidadã, educação fundamental, desigualdade social, jeitinho brasileiro, Paulo Freire, BNCC, PISA, IDH, educação emocional, países nórdicos, desenvolvimento humano, violência escolar, cultura da paz.
Paz e Luz!
Ezequiel Arimateia N Oliveira, MsC
Diretor Executivo Saúde no Ar www.portalsaudenoar.com.br
Físico Especialista em Física Médica//Supervisor de Radioproteção
E-mail: ezequiel.fisico@gmail.com
Telefone: (71) 987596650 / 32446650
Físico com mais de 25 anos de atuação em Física Médica. Mestre em Medicina e Saúde Humana – Faculdade Bahiana de Medicina. Formado em Física pela Universidade Federal da Bahia e Pós Graduado pelo Instituto Nacional do Câncer. Diretor Executivo do Saúde no Ar, Professor do município de Camaçari. Físico Especialista em Radioterapia, Medicina Nuclear credenciado a ABFM- Associação Brasileira de Física Médica e Supervisor de Radioproteção credenciado a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. Especialização fora do país: Sistema de Gerenciamento e Planejamento em Radioterapia, VARIAN SYSTEMS, Las Vegas, USA.


















