O medo do futuro está fazendo com que vários pais sigam a onda do cordão umbilical. Só que em vez dos cordões eles estão pagando pelo armazenamento da polpa de dentes de leite dos seus filhos, que pode dar origem a células-tronco. Porém, apesar dos entusiastas ainda não existe comprovação que essas células tenham potencial para curar doenças e serem úteis no futuro.
Em média, as empresas que já oferecem o serviço em São Paulo cobram R$ 2.000 iniciais mais R$ 400 por ano pelos serviços de coleta, multiplicação das células e criopreservação (congelamento em condições especiais). Até o dente siso para quem já está mais velho pode ser utilizado.
Diretor-científico do Centro de Criogenia no Brasil, Nelson Lizier, que concluiu o doutorado com a produção em larga escala de células-tronco da polpa dentária, afirma que já existem duas pesquisas em andamento para a aplicação das células: uma em lesão de córneas e outra para enxertos ósseos. No entanto, para outras doenças os tratamentos ainda estão sendo feitos em animais, com formação de células produtores de insulina no pâncreas (para diabetes) e de novos neurônios a partir de células-tronco para doenças neurovegetativas.
A Anvisa informa que as empresas podem oferecer o serviço de criopreservação, mas sem prometer tratamento para nenhuma doença, fato que elas devem deixar claro no contrato firmado com os clientes. Muitos estudos clínicos ainda estão em fase inicial, ou seja, a sua própria segurança ainda está em xeque. Por isso, os consumidores têm que ter cuidado.
Outro problema é o risco da perda de viabilidade, que ocorre com o tempo ou mesmo por negligência de um funcionário que deixe a temperatura do nitrogênio líquido –onde são guardadas as células– subir. Acredita-se, porém, que como a origem embrionária da polpa do dente de leite é compartilhada com a dos neurônios, é provável que se torne possível tratar doenças neurodegenerativas assim.