Fiocruz: Imunização em larga escala só será possível com vacina de Oxford

Durante entrevista a Reuters; o vice-presidente da Fiocruz disse que; mesmo com a compra de vacinas da Pfizer e a inclusão da CoronaVac no plano nacional de imunização não serão suficientes para vacinação em larga escala da população brasileira; de acordo com ele, isso só acontecerá com a inclusão da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca. Segundo ele, as primeiras doses podem ser aplicadas em março.

De acordo com Marco Krieger; a fundação não irá solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para uso emergencial da vacina; a o núcleo irá solicitar o registro em definitivo para entregar 100 milhões de doses no primeiro semestre e mais 110 milhões no segundo.

“A maior vantagem (da vacina de Oxford) é conseguir disponibilizar em uma quantidade grande para a população brasileira e não depender de compras lá fora. Vacina para funcionar é cobertura, e não tenho dúvida que a vacina de Oxford vai ser muito importante no Brasil e no mundo. Ela que vai fazer a diferença”, acrescentou.

O imunizante produzido em parceria com a Fiocruz se tornou a principal aposta do governo federal para enfrentar a pandemia de Covid-19; dessa forma, o Ministério da Saúde anunciou um acordo de 1,9 bilhão de reais para a aquisição de insumos e a transferência de tecnologia para a produção local da fundação.

Contudo; a vacina da Pfizer ganhou mais espaço na corrida de imunizantes; a Pfizer foi a primeira do mundo aprovada para uso na população em países como Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. Além disso, o imunizante ficou marcado por um incidente nos ensaios clínicos que levou a AstraZeneca a realizar novos estudos.

Além disso, outros pontos levaram o imunizante da Pfizer a sobressair; de acordo com os estudos clínicos, a vacina possui 95% de eficácia; contudo a de Oxford teve eficácia de 62% para as pessoas que tomaram duas doses completas – regime principal dos testes. Ainda assim, em um subgrupo menor que recebeu meia dose e depois uma dose inteira; a eficácia chegou a 90%, o que levou a empresa a retomar os ensaios em busca de descobrir a melhor dosagem.

Ainda assim, Krieger ressalta que os novos estudos não devem impedir a aplicação de uma vacina que se mostrou acima dos 50% de eficácia recomendados e que; além disso, não teve nenhum caso de doença grave nos ensaios clínicos mesmo entre aqueles voluntários que contraíram a doença.

Registro de Verdade

No caso brasileiro, o registro da vacina ganhara pedido à Anvisa com base no estudo com duas doses. Como um “registro de verdade”, em vez do uso emergencial, uma vez que os dados já estão encaminhados s à agência reguladora desde setembro e não há diferença de cronograma.

“Não estamos com uso emergencial, queremos o registro de verdade. O registro do uso emergencial no Brasil é um pouco diferente, ele é mais limitado. No nosso caso, nós vamos ter todos os dados de boas práticas de fabricação, todos os dados do ensaio clínico, e é melhor que tenhamos a discussão de um registro definitivo”, afirmou.

Dessa forma, mesmo sem o pedido de uso emergencial pela Fiocruz, o Brasil pode receber doses da vacina da AstraZeneca antes do cronograma de produção nacional por meio do programa Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS), caso o imunizante receba aprovação no exterior e posteriormente endossado pela Anvisa.

Além disso, o Covax, ao qual o Brasil ingressou ao custo de 2,5 bilhões de reais por 42,5 milhões doses; prevê a entrega de vacinas para todos os países participantes depois que os imunizantes estiverem aprovados pela OMS.

Melhor Logística

De acordo com o vice-presidente da Fiocruz; além da capacidade de produção a facilidade logística de distribuição da vacina de Oxford se ajusta melhor a necessidade nacional. Enquanto a vacina da Pfizer precisa ser armazenada a -70 graus Celsius, devido à tecnologia de RNA mensageiro; o imunizante de Oxford feito com recombinante viral de outro vírus- se encaixa no padrão tradicional das campanhas de vacinação.

Segundo Krieger, mesmo com a capacidade de produção ampliada da Fiocruz, a vacinação da população só deve atingir um percentual capaz de gerar imunização no segundo semestre de 2021.

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