A cidade de Nova York registrou o primeiro caso de transmissão sexual do vírus da zika de uma mulher para um homem.
O Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmou nesta sexta-feira o caso e anunciou que revisará suas recomendações para prevenir a transmissão sexual de um vírus que pode provocar, entre outros, defeitos de nascimento como a microcefalia.
Embora há meses se saiba do risco de transmissão sexual desse vírus —o condado de Dallas (Texas) confirmou em fevereiro o primeiro caso desse tipo—, até agora todos os contágios documentados eram de homem para mulher. O de Nova York constitui o “primeiro caso reportado de transmissão sexual de mulher para homem do vírus da zika”, afirma o CDC em um informe.
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As recomendações até agora para prevenir a transmissão sexual do vírus, lembra o órgão, “se baseavam na premissa de que a transmissão se dava de um homem para sua companheira”. A constatação de que a mulher também pode infectar o homem abre novas cadeias de transmissão do vírus. Com este caso fica demonstrado que o transmissor pode ser um homem que, por não ter viajado para uma região com zika nem ter sido picado por um mosquito transmissor, não está ciente de que poderia ser portador do vírus por uma relação sexual e que o pode transmitir a outras companheiras sexuais, se não se proteger.
O CDC anunciou que está “atualizando” suas recomendações também para aqueles casais sexualmente ativos em que a mulher não esteja grávida nem pretenda estar, assim como para toda a pessoa que “queira reduzir o risco pessoal de uma infecção do vírus da zika através do sexo”.
O primeiro caso de transmissão sexual de mulher para homem ocorreu em uma mulher não grávida “na casa dos 20 anos” que informou ter mantido relação sexual vaginal sem usar preservativo com um homem no mesmo dia em que regressou a Nova York procedente de uma área onde há vírus da zika.
No próprio aeroporto em que esperava seu avião para retornar a Nova York ela começou a sentir dores abdominais e de cabeça, segundo o informe. No dia seguinte ao retorno passou a ter forte febre, fadiga, uma erupção cutânea e outros sintomas típicos da zika. Os exames de laboratório confirmaram que havia contraído o vírus. Seu parceiro, um homem também na casa dos 20 anos, começou a sentir os primeiros sintomas do vírus sete dias depois do contato sexual com a mulher.
O jovem confirmou que não havia saído dos Estados Unidos no último ano e que só mantivera uma relação sexual vaginal sem preservativo, com a mulher infectada, depois do regresso dela a Nova York. Não fez sexo oral nem anal com ela e tampouco notou que depois da relação seu pênis estivesse manchado de sangue que pudesse estar associado a um sangramento vaginal ou a uma ferida aberta em seus genitais. Também afirmou que não mantinha nenhuma outra relação sexual nem fora picado por um mosquito antes de ficar doente, com oque o CDC concluiu que a única via de infecção possível foi a sexual com sua companheira.
“Os tempos e a sequência de eventos respaldam a transmissão do vírus da zika de mulher a homem através de uma relação sexual vaginal sem preservativo”, resume o CDC.
Esse novo caso vem à tona a somente três semanas do início dos Jogos Olímpicos no Brasil, um país muito afetado pelo vírus da zika, o que levou alguns esportistas a cancelarem participação na competição.
Fonte: El País Brasil
Redação Saúde no Ar*
João Neto