Previsão de baixo risco

Previsão de baixo risco

Artigo publicado na Tribuna da Bahia em 19/09/19

Joaci Góes

Ao brilhante amigo e jusfilósofo Wellington Lima e Silva.
No campo do social, o grau de acerto das previsões humanas é, na melhor das hipóteses, moderado, de tal modo é plena de ineditismos a conduta humana. Essa regra, aplicável a todas as ciências sociais, em graus variados, não nos deve conduzir à imobilidade protagonística, mas à prudência da humildade para evitarmos algumas perigosas certezas como a do marxismo que produziu, simultaneamente, as duas maiores hecatombes de todos os tempos, com o genocídio stalinista, da União Soviética, e o chinês, sob Mao Tsé-Tung que, somados, chegaram a números que oscilam entre sessenta e cento e quarenta milhões de mortos, a depender dos critérios adotados na realização das contas. As biografias produzidas sobre essas duas personalidades revelam que ambos foram psicopatas da mais alta periculosidade, desenvolvidos no caldo de cultura de uma excessiva concentração de poder, coroando a conhecida conclusão de Lord Acton, pensador inglês nascido na Itália, segundo a qual “Todo poder corrompe, e o poder absoluto corrompe, absolutamente” (All the Power tends to corrupt, and absolute Power to corrupt, absolutely).
A margem de segurança das previsões no campo do social se restringe ao que se denomina futuro presente, o futuro que já aconteceu, de tal modo emerge da realidade que se estende à nossa frente, quase como a certeza de que chegará ao chão, dentro de um determinado espaço de tempo, a pedra de um determinado peso lançada de uma determinada altura.
A momentosa questão do grau de flexibilidade legal a ser adotado no Brasil, relativamente à posse de armas, pelo cidadão comum, parece-nos ensejar razoável grau de confiança na previsão de que, ao invés de aumentar, a criminalidade será sensivelmente reduzida, a partir de dados disponíveis e confiáveis, mundo afora. O ambiente de passionalidade ideológica vigente entre nós é tamanho que parcela ponderável dos passageiros do avião chamado Brasil deseja o desastre que vitimará a todos como meio de ofender o piloto de quem não gosta. Os fatos, porém, são teimosos e terminam por se impor, independentemente do prosaico voluntarismo das pessoas. Além do inegável acervo de realizações do atual governo, no sentido de reanimar a economia, registra-se o recorde histórico de não haver o menor indício de roubo na atual gestão, nove meses decorridos de seu início. Como acréscimo, a sensível redução da criminalidade até agora registrada frustra os agourentos que prenunciaram o apocalipse, com a expectativa do acesso ao direito de todos se defenderem. Bastou a bandidagem perceber que o aparelho repressor ficaria incondicionalmente do lado do cidadão decente e contra o crime, para cair o número de homicídios produzidos com o propósito de roubar. A projeção dos números aponta para uma queda de doze mil homicídios, em 2019, relativamente ao ano passado. Número acima da média dos frequentadores, por partida, do campeonato brasileiro de futebol.
A prática populista do politicamente correto que considera o criminoso como uma vítima do capitalismo perverso tornou as propriedades rurais, em todo o País, lugares extremamente perigosos, exigindo frequência cautelosa. Doravante, ver-se-á a restauração crescente do hábito de férias escolares em ambientes carregados de bucolismo que refrigera as almas.
Inegavelmente, em alguns casos, a ofensa física por arma de fogo ocorrerá porque as pessoas estarão armadas. Esses casos excepcionais, porém, quando comparados com a queda dos latrocínios, não infirmarão a regra geral da redução do número de mortes por arma de fogo, num ambiente em que a adoção ingênua ou ideológica do politicamente correto armou o bandido deixando a sociedade ao desamparo. Quem viver verá. Não se trata de profecia, mas de aceitação do futuro presente ou do futuro que já aconteceu, por emergir de um contexto que levará a um desfecho promissor, como se registra na experiência do Mundo.

Joaci Góes

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