Polícia procura dona de abrigo para idosos

Polícia procura dona de abrigo para idosos

A polícia pode prender a qualquer momento Neuza Rodrigues Torres, responsável pelo Grupo Assistencial Vida Saúde(GAVS), localizado no bairro Boa Vista do Lobato – subúrbio ferroviário da capital baiana, por maus tratos a idosos e a mais cinco itens do Estatuto do Idoso. A polícia civil foi acionada e solicita a prisão de Neuza por crime de sequestro e por abandono de incapaz, além do fechamento definitivo do abrigo. O delegado disse que já existem cinco ações do Ministério Público contra ela. O modus operandis de Neuza era alugar uma casa, colocar os idosos nela e usar o cartão deles.

 A polícia chegou até Neuza após uma investigação de denúncias sobre o local, que conforme o delegado especial da Polícia Civil, Nilton Costa, estava em condições sub-humanas, sem nenhuma estrutura física, com infiltração, mofo, alimentos fora de validade e alguns em estado de decomposição. Além disso, conforme o delegado, não existia alvará, prontuário médico com a situação de cada abrigado, enfermeiros ou sequer responsável médico para prestar assistência aos idosos, que de acordo com ele foram triplamente abandonados: primeiro pelos familiares, segundo pelo poder público e em terceiro pela área de saúde, que permitiu que o abrigo virasse um depósito de idosos “esperando a morte chegar” disse lembrando o cantor Raul Seixas.

No abrigo foram encontrados 12 idosos, entre os quais uma mulher de 87 anos de idade com um ferimento grave na cabeça, sendo que 25 deles teriam sido sequestrados pela dona do estabelecimento e levados para outro local. O delegado Nilton Costa que gravou entrevista no Portal Saúde no ar disse que a acusada, que foi candidata a deputada estadual nas últimas eleições, vem negando a culpa e que as provas contra ela estão sendo coletadas.

O delegado informou ainda que os cartões de benefícios dos idosos eram utilizados pela administração do abrigo, que sacava o dinheiro e que uma equipe policial já está nas ruas em busca dos abrigados que estão desaparecidos.

Um funcionário que preferiu não se identificar, disse que havia muitas pessoas dormindo no chão, de madrugada, com frio e sentindo dores e ressaltou que já haviam sido feitas ligações para a Samu. O abrigo funcionava em um prédio de um antigo hospital, não adaptado para acolher os idosos.

Em entrevista ao programa Saúde no Ar, o promotor Ulisses Araújo relatou que as investigações foram aprofundas e confirmou que a instituição não estava funcionando com as normas adequadas de higienização. “Pedi ao juiz, através de uma ação que o estabelecimento fosse fechado por falta de condições de funcionamento”, diz o promotor.  O caso está na promotoria criminal e a acusada deve responder pelos crimes de abandono e sequestro, já solicitados à justiça.

O sociólogo e gerontólogo José Leôncio Rodrigues, ex-servidor da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, afirmou que o que falta na Bahia é sensibilidade e vontade política dos governos municipal, estadual e federal para a questão , pois as leis de proteção aos idosos são satisfatórias. “Temos uma Constituição muito boa, um estatuto dos idosos, um estatuto aprovado pelo governo estadual e acordos internacionais.”

Para ele, existem poucos abrigos de qualidade para os idosos que precisam dessas instituições e que o único abrigo público existente, o Dom Pedro II, está em situações precárias. Segundo Leôncio é preciso a interferência das pessoas que têm o poder nas mãos. ” É preciso olhar por essas pessoas, que em 2.050 deverão ultrapassar o número de jovens no nosso país”, afirmou.

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