Parto normal em debate no Saúde no Ar desta sexta (08)

Parto normal em debate no Saúde no Ar desta sexta (08)

Nesta sexta-feira (08), antevéspera do Dia das Mães, o Saúde em foco apresentará uma mesa-redonda sobre as novas normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar sobre a Resolução Normativa número 368, de 6 de janeiro de 2015, que estabelece novas regras para os partos pagos pelos planos de saúde, com o objetivo de estimular os partos normais.

Os convidados para o debate são a ginecologista e obstetra, Tatiana Aguiar – conselheira do Cremeb , Conceição Cruz, coordenadora comunitária e capacitadora da Pastoral da Criançae o também obstetra Jose Carlos Jesus Gaspar, da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba) diretor do Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho , tendo como mediadora a coordenadora do Saúde no Ar, Patrícia Tosta.

O assunto tem se mostrado polêmico e dividido a categoria médica, principalmente depois da morte da adolescente Rafaela Cristina de Souza Santos, de 15 anos que chegou sentindo contrações às 0h do dia 25 de abril no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, na Praça 1º de Maio, no Rio de Janeiro, sendo atendida três horas depois.

A mãe de Rafaela, Ana Carla Silva de Souza, culpa a equipe de enfermeiros de tentarem induzir o parto normal da adolescente. Após complicações, a equipe do Hospital da Mulher cedeu à cesariana e fez o parto do bebê de Rafaela, que nasceu com 3,360 kg e 53 cm, tendo que retirar o útero de Rafaela, antes dela ser transferida já em estado grave, para o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, onde morreu, contou a avó da criança. A criança sobreviveu e teve alta três dias depois.

REDUÇÃO DE CESARIANAS

A resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que estabelece normas para estímulo do parto normal e a consequente redução de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar deverá começar a valer a partir de julho, 180 dias após a sua assinatura pelo ministro Arthur Chioro, da Saúde. As novas regras ampliam o acesso à informação pelas consumidoras de planos de saúde, que poderão solicitar às operadoras os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. O público-alvo dessas medidas. são 23,7 milhões de mulheres beneficiárias de planos de assistência médica com atendimento obstétrico no país.

Em entrevista ao vivo à rádio Saúde no Ar, o gerente-geral de Regulação Assistencial da ANS, Téofilo Rodrigues, disse que na saúde suplementar 84,6% dos partos são cesarianas. Ou seja , de cada 100 crianças que nascem , quase 85% é através de cesáreas, enquanto que pelo SUS o percentual é de 40% , o que também é considerado alto, já que na maioria dos países o número é inferior a esse. O ideal, segundo Teófilo, seria que apenas 15 % dos partos fosse cesáreo.

Ele explica que a cesariana é um procedimento cirúrgico e por isso está sujeita a complicações relativas às cirurgias como perda de sangue, infecções, e problemas de anestesia. Às vezes a cirurgia é marcada para antes do bebê estar maduro São o que ocasiona o aumento do nascimento de prematuros que acabam numa UTI Neonatal sujeitos a procedimentos complicados, aumentando o óbito infantil e triplicando o risco de mortalidade materna, sendo que existe 120% dos riscos da criança ter problemas respiratórios.

As causas do aumento de cesariana são várias: “hoje em dia se fala na comodidade de horário seja do profissional, seja da paciente, seja do hospital que quer otimizar o uso das suas dependências e nesses casos é mais fácil uma coisa marcada”,afirma.

Outra é a cultura da dor provocada pelo parto e a desinformação da paciente, que acaba solicitando um procedimento do qual não tem necessidade.

A regulação torna obrigatória a informação das pacientes sobre os benefícios do parto normal e bem como a obrigatoriedade de um cartão da paciente fornecida pela operadora, onde o médico deve registrar o pré-natal passo a passo com todos os detalhes sobre os exames e saúde do bebê e da paciente.

O terceiro item é o partograma um instrumento gráfico onde a enfermeira obstetra ou o médico anotam toda a evolução do trabalho de parto quando o médico opta por realizar um parto normal ou cesariano. Isso, conforme, Teófilo, acaba com o negócio da cesária agendada. O bebê só vai nascer quando estiver na hora.

A operadora , por sua vez, é obrigada a garantir o atendimento a tudo que a parturiente tem direito ao comprar seu plano de saúde. Se ela negar ou não viabilizar o atendimento pode receber uma multa que vai de R$ 80 mil a R$ 100 mil. “É pouco provável que ela queria pagar uma multa desse porte”, afirma.

O gerente da ANS revelou ainda que a agência fez uma parceria como Hospital Albert Einstein, de São Paulo, discutindo modelos de atenção à gestante de forma a diminuir o número de cesáreas. A ANS já cobre, inclusive, partos feitos por enfermeiras obstetras e a operadora também será obrigada a dar essa cobertura. “O desafio- acrescentou- é mudar o modelo de gestantes da Saúde Suplementar”.

O debate sobre o assunto promete ser dos mais interessantes e vai ao ar a partir das 8 h na Rádio Excelsior da Bahia (AM 840), podendo ser sintonizado também na nossa Rádio Web, no site www.portalsaudenoar.com.br. Os interessados podem fazer perguntas através do telefone 3328.7666 ou do WhatsApp 9681.3998.

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