A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou, nesta segunda (25), que a concentração de gases causadores do efeito estufa atingiu um novo recorde em 2018.
As gerações futuras vão enfrentar cada vez mais o aumento da temperatura, os extremos do clima, a falta de água e o aumento do nível do mar. A fragilidade do planeta está ligada ao efeito estufa, o fenômeno que mantém a atmosfera aquecida. E a concentração do principal gás responsável pelo efeito estufa, o dióxido de carbono, em 2018 atingiu novo recorde: 407,8 partes por milhão contra 405,5 em 2017. Um número difícil de entender. Mas basta saber que ele é 147% maior do que os níveis registrados na era pré-industrial, no século 18.
A última vez que a Terra experimentou essa concentração de dióxido de carbono foi de três a cinco milhões de anos atrás, quando o planeta era de dois a três graus mais quente, e o nível do mar de dez a 20 metros mais alto.
Os especialistas também estão preocupados com a concentração do metano, emitido pela agricultura e aterros sanitários, e do óxido nitroso, liberado pelos fertilizantes e processos industriais. A presença dos dois aumentou em 2018 acima da média dos dez anos anteriores.
Oceanos e florestas ajudam a absorver esses gases. Mas o aumento registrado pelo relatório é ainda mais preocupante porque mostra a quantidade que fica na atmosfera, sem ser reabsorvida.
Os cientistas climáticos da ONU calcularam que será necessário um corte claro nas emissões de gases até 2030, para realmente interromper o aumento das temperaturas.
“Mas ainda não há sinais visíveis de redução dos gases poluentes, apesar dos compromissos assumidos com os acordos climáticos de Paris”, disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.
A Itália diminuiu a emissão de gases, o consumo de matéria-prima e de energia. E, em 2020, será o primeiro país do mundo a ensinar mudanças climáticas nas escolas.
No Brasil, o engenheiro florestal e coordenador técnico do Observatório do Clima, Tasso Azevedo, falou dos efeitos que o desmatamento tem sobre a produção de gás carbônico.
“O desmatamento tem dois efeitos: além de emitir gás de efeito estufa — porque, quando queima a floresta, sobe gás carbônico — ele também diminui a quantidade de floresta que tem para absorver carbono de volta. O problema é quando você emite mais do que aquilo que a gente é capaz de absorver. Então, neste caso, a gente está tendo efeito duplo”, afirmou.
Fonte: Jornal Nacional