Redação | Saúde no Ar
16 de julho de 2025
O desenvolvimento econômico dos últimos 50 anos, calcado principalmente no liberalismo econômico e globalização, gerou crescimento, mas também grandes disparidades, degradação ambiental e enfraquecimento institucional. Estudo após estudo apontam que, enquanto alguns fatores prosperam, muitos pagam o preço — em saúde, meio ambiente e equidade.
“Nosso modelo de desenvolvimento está quebrado? Desigualdade, pobreza e crise ambiental pedem mudança radical”
📉 Crescimento X Desigualdade
- Durante o período da “Grande Prosperidade” (1947–1970), sob o chamado capitalismo progressista, o PIB cresceu ~2,78% ao ano nos EUA, com queda da desigualdade — a renda dos mais pobres progrediu junto
- O período neoliberal (1980–2008) exibiu crescimento menor (~1,5% a.a.), com concentração de renda no topo, maior fragilidade social e menos investimentos públicos .
O economista Simon Kuznets sugeriu originalmente que o crescimento pode reduzir desigualdade assim que atingido certo nível, mas dados recentes mostram que muitos países ricos nunca reverteram esse fosso — e em alguns, como Austrália, a desigualdade aumentou nas últimas décadas
⚠️ Impactos socioambientais do liberalismo
- Aumento de emissões e desigualdade: os mais ricos concentram o consumo de bens e energia intensiva, obstruindo políticas climáticas e afetando comunidades vulneráveis .
- Domínio institucional do capital: o liberalismo trata justiça social e meio ambiente como “externalidades” e não real prioridades, fomentando o esvaziamento do setor público .
Esses fatores aceleram a degradação ambiental e pioram fatores de saúde pública — como poluição do ar, água contaminada e exposição a agrotóxicos —, diretamente ligados ao aumento de doenças e mortalidade .
🔍 Pobreza, corrupção e concentração de renda
- Desigualdade gera doenças: meta‑análises mostram forte correlação entre disparidade de renda e prevalência de depressão, ansiedade e problemas sociais.
- Grande Gatsby Curve revela que altos níveis de desigualdade limitam a mobilidade social — ricos permanecem ricos, pobres permanecem pobres.
- Em países marcados por corrupção e falta de transparência, os benefícios do crescimento não chegam às camadas inferiores, reduzindo investimentos em saneamento, educação e saúde, acelerando o envelhecimento e expondo comunidades vulneráveis.
✅ O que deu certo e deu errado
| Modelo | Pontos positivos | Limitações |
| Capitalismo progressista | Crescimento inclusivo, aumento de classes médias | Menor foco em crises ambientais |
| Neoliberalismo | Estímulo à inovação e comércio | Alta concentração de renda, erosão de redes sociais, crise climática |
| Desenvolvimento inclusivo / pós‑crescimento | Priorização ambiental, justiça social, crescimento qualitativo | Ainda limitado em escala global |
Países do leste asiático (Coreia do Sul, Cingapura) cruzaram a curva de Kuznets com forte investimento público em educação, tecnologia e regulação ambiental — combinando crescimento e redução da desigualdade .
🌱 Soluções para um futuro equitativo e sustentável
- Capitalismo progressista – regulação forte, investimentos públicos em saúde, educação, sustentabilidade
- Economia de bem-estar e modelos pós‑crescimento – crescimento qualitativo com respeito ao meio ambiente .
- Reformas fiscais – tributação progressiva, combate à evasão, bancos públicos e fundos soberanos .
- Fortalecimento institucional – transparência, combate à corrupção, controle social .
- Diversificação produtiva – aumentar complexidade econômica para promover mobilidade e reduzir desigualdade .
O atual modelo favoreceu riqueza e inovação, mas aprofundou a injustiça social e a crise ambiental. A transição exige:
- Reequilibrar mercado e estado,
- Priorizar justiça fiscal e ambiental,
- Ampliar democracia institucional.
Somente assim poderemos emitir um novo pacto social: que valorize vida, equidade e sustentabilidade — construindo uma sociedade verdadeiramente saudável, próspera e sustentável.
Palavras-chave: Modelo de Desenvolvimento, Desigualdade, Pobreza, Corrupção, Capitalismo Progressista, Sustentabilidade


















