Dia Mundial do Meio Ambiente

Dia Mundial do Meio Ambiente

Na coluna ”Direitos Humanos para Valer”, Anhamona de Brito, advogada e ativista dos Direitos Humanos, faz uma reflexão sobre o dia Mundial do Meio Ambiente e Ecologia.

Apesar da relação indissociável entre o homem, a natureza e o planeta, ainda temos muita dificuldade de percebermos como proteger o meio ambiente é proteger a própria espécie humana. Por isso que a celebração desta data precisa contribuir com a divulgação da causa ambiental e dos direitos humanos a ela vinculados.

É grande a relação entre Direitos Humanos e meio ambiente, sendo possível, inclusive, dizer sem medo de errar que um não pode viver sem o outro. O inchaço das cidades, a devastação das florestas, a poluição, a baixa qualidade e o pouco acesso à água são questões que influenciam no gozo de direitos humanos essenciais. Além de protegermos o meio ambiente, para que possamos ter vida em abundância e plenitude, precisamos nos conscientizar de que o acesso a um meio ambiente saudável, bem de uso comum do povo, é um direito meu, seu, de todas as pessoas, independentemente de raça, cor, credo, classe social.

Parece conversa de uma ambientalista chata, mas a preservação dos sistemas naturais necessita da conscientização das pessoas e das comunidades o que, por sua vez, leva a escolhas mais pacíficas e solidárias. Afinal, a proteção do meio ambiente e a busca pelo compartilhamento de seus benefícios entre as pessoas somente é compatível com escolhas pacíficas e fraternas que são a base do desenvolvimento sustentável. A defesa da sustentabilidade ambiental não tem a ver com a fome, o desemprego, remunerações baixíssimas, lucros exagerados, favelização dos espaços urbanos, elevação da criminalidade, precarização da saúde, discriminação por raça/cor/etnia, violência de gênero e orientação sexual, entre outras questões que marcam o capitalismo selvagem que domina os dias atuais.

Em nosso país, muitos ativistas foram assassinados na luta por um meio ambiente saudável e ao compartilhamento solidário e ampliado de seus benefícios, a exemplo de Chico Mendes (Acre – 1988), Doroty Stang (Pará – 1995), Galdino Jesus Santos, queimado vivo após participar de manifestações do dia do índio (Brasília – 1997) e Paulo Sérgio Santos, líder quilombola morto a tiros no acampamento Nelson Mandela, na cidade de Nova Viçosa (Bahia – 2014). Esses acontecimentos tem uma justificativa: a sanha de pessoas, corporações e setores da economia de manterem sob o seu controle o potencial produtivo dos bens ambientais. Aqui cabe um alerta: o meio ambiente vale muito dinheiro e, por conta disso, essa pauta é apresentada à sociedade como algo de pouca importância, numa estratégia de desestimular ações voltadas ao seu compartilhamento com todas as pessoas. Como diria a minha avó, esse tipo de postura é uma dissimulação, pois quem desdenha quer comprar.

Diferentemente do que nos é passado, a política ambiental precisa ser alvo da preocupação e prioridade de todo mundo, não apenas das entidades ambientalistas e das pessoas que atuam nos governos. Para alcançarmos este estágio, precisamos criar estratégias mais eficazes para conscientização social, dando margens a atitudes individuais positivas e políticas públicas com maior potencial de proteção do meio ambiente a que estamos inseridos e de todo o planeta. Do contrário, morreremos como consequência de nossas más escolhas, acabando com as condições naturais essenciais para a nossa sobrevivência, digna e feliz.

Precisamos ficar mais atentos às armadilhas da vida moderna – a exemplo dos altos prédios, a dinâmica corrida das cidades, os smartphones e fast food — e voltarmos nossa atenção para os sistemas naturais, de modo a resgatarmos o seu aspecto saudável. Sem sistemas naturais saudáveis, a nossa vida desmorona. Por conta disso, o tema da edição 2017 do Dia Mundial do Meio Ambiente é “conectando as pessoas com à natureza”, tendo como slogan #Estou com a natureza.

 

 

 

 

 

 

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