Causas de pandemias e estágio das pesquisas de vacinas contra o novo coronavírus

Causas de pandemias e estágio das pesquisas de vacinas contra o novo coronavírus
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo mostrar como evitar novas pandemias com base na opinião de especialistas e o estágio de pesquisas voltadas para o desenvolvimento de vacinas para imunizar a população contra o novo Coronavirus com base em informações sobre o avanço das pesquisas sobre vacinas imprescindíveis ao combate do Covid 19. Como será apresentado nos parágrafos a seguir, a humanidade terá que realizar mudanças profundas em sua relação com a natureza para evitar que aconteçam novas pandemias que ameacem sua própria existência e investir maciçamente em P&D voltadas para o desenvolvimento de vacinas para fazer frente aos atuais e novos vírus.
Artigo Mais destruição da natureza, mais pandemias, publicado no website <https://climainfo.org.br/2020/03/19/mais-destruicao-da-natureza-mais-pandemias/>, informa que a destruição da biodiversidade promovida pela humanidade pode criar as condições para o surgimento de novos vírus com poder de transmissão e letalidade inéditos. O ser humano sempre conviveu com patógenos vindos da natureza, alguns benéficos, outros mortais. Alguns poucos foram mortais como a Peste Bubônica e a Gripe Espanhola. Esta situação se repete com a pandemia do novo Coronavirus. Neste artigo, é informado, também, que uma pesquisa de 2008 identificou 335 novas doenças que surgiram entre 1960 e 2004 das quais 60% vinham de animais.
David Quammen, autor de Spillover: Infecções Animais e a Próxima Pandemia, escreveu no jornal The New York Times que o homem, invade florestas tropicais e outros ambientes selvagens, que abrigam várias espécies de plantas e animais e dentro dessas criaturas há inúmeros vírus desconhecidos. Ao cortar as árvores, matar os animais ou os enjaulá-los e ao enviá-los para os mercados, o homem destrói ecossistemas e dissemina os vírus de seus hospedeiros naturais. Quando isso acontece, os vírus precisam de um novo hospedeiro que muitas vezes é o próprio homem.
Artigo Parem de destruir a natureza ou teremos pandemias piores, alerta grupo de cientistas publicado no website <https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/parem-de-destruir-natureza-ou-teremos-pandemias-piores-alerta-grupo-de-cientistas-24398235>, assinado pelos professores Josef Settele, Sandra Díaz e Eduardo Brondizio, que lideraram o estudo sobre a “saúde planetária” mais abrangente já feito, informa que “há uma única espécie responsável pela pandemia de Covid-19: nós”. E, se a destruição da natureza não tiver um fim, é provável que doenças ainda mais mortais e destrutivas atinjam a humanidade no futuro, de forma mais rápida e frequente. O alerta vem dos principais especialistas em biodiversidade do mundo. Os pesquisadores afirmaram que o “desmatamento desenfreado, expansão descontrolada da agricultura, agricultura intensiva, mineração e desenvolvimento de infraestrutura, bem como a exploração de espécies selvagens” criaram o que classificaram como uma “tempestade perfeita” para a propagação de doenças.
No artigo de Erick Gimenes Ação humana contra o meio ambiente causou a pandemia do coronavírus, diz pesquisador, publicado no website <https://www.brasildefato.com.br/2020/03/18/acao-humana-contra-o-meio-ambiente-causou-a-pandemia-do-coronavirus-diz-pesquisador>, Allan Carlos Pscheidt, doutor em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente e professor das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo, diz que a destruição de habitats de outros animais vai tornar epidemias cada vez mais comuns. O novo Coronavírus se alastrou pelo mundo graças à ação destrutiva e invasora do ser humano contra a natureza. O organismo que causa a Covid-19 está há tempos no meio ambiente, provavelmente alojado em morcegos nativos de cavernas intocadas, segundo o professor. Com a crescente urbanização e consequente invasão humana, porém, o vírus quebrou seu ciclo natural e alcançou outros seres, como o homem, cujo organismo ainda não está preparado para combatê-lo.
De acordo com o pesquisador Allan Carlos Pscheidt, a pandemia do novo Coronavirus deixa lições claras: precisamos nos preocupar urgentemente com o consumo desenfreado, a destruição recorrente do planeta e as mudanças climáticas. A disseminação do novo Coronavírus é resultado direto disso. Pscheidt alerta que, em um mundo interligado como o que vivemos hoje, epidemias virais devem se tornar cada vez mais comuns. Para ele, se não evoluirmos para uma sociedade mais consciente e menos egoísta, a humanidade será dizimada por novas pandemias. Enquanto não proteger a natureza para evitar novas pandemias, a humanidade terá que produzir vacinas que permitam imunizar toda a população dos atuais e novos vírus, haja vista que elas são fundamentais para o combate a doenças.
Ao longo da história, as vacinas ajudaram a reduzir expressivamente a incidência de pólio, sarampo e tétano, entre várias outras doenças. Hoje, as vacinas são consideradas o tratamento com melhor custo-benefício em saúde pública. A realidade agora é que o mundo precisa de uma vacina contra o novo Coronavírus que causa a covid-19. Provavelmente, ela não estará pronta nos próximos meses. Talvez isso só ocorra daqui a 12 ou 18 meses. No momento há uma corrida visando o desenvolvimento de vacinas. O artigo de Ewen Callaway The race for coronavirus vaccines: a graphical guide (A corrida pelas vacinas contra o coronavírus: um guia gráfico), publicado no website <https://www.nature.com/articles/d41586-020-01221-y>, apresenta várias maneiras pelas quais os cientistas esperam fornecer imunidade ao SARS-CoV-2.
Mais de 90 vacinas estão sendo desenvolvidas contra o SARS-CoV-2 por equipes de pesquisa em empresas e universidades de todo o mundo. Os pesquisadores estão testando diferentes tecnologias, algumas das quais nunca foram usadas em uma vacina licenciada antes. Pelo menos seis grupos já começaram a injetar formulações em voluntários em testes de segurança; outros começaram a testar em animais.
Vacinas SARS-CoV-2: uma variedade de abordagens
Todas as vacinas visam expor o corpo a um antígeno que não causa doença, mas provocará uma resposta imune que pode bloquear ou matar o vírus se uma pessoa for infectada. Existem pelo menos oito tipos sendo testados contra o coronavírus, e eles dependem de diferentes vírus ou partes virais.
Vacinas de vírus
Pelo menos sete equipes estão desenvolvendo vacinas usando o próprio vírus, de forma enfraquecida ou inativada. Muitas vacinas existentes são feitas dessa maneira, como as contra o sarampo e a poliomielite, mas requerem testes de segurança extensivos. A Sinovac Biotech em Pequim começou a testar uma versão inativada do SARS-CoV-2 em humanos.
Vacinas de vetores virais
Cerca de 25 grupos dizem estar trabalhando em vacinas de vetores virais. Um vírus como sarampo ou adenovírus é geneticamente modificado para produzir proteínas de coronavírus no organismo. Esses vírus estão enfraquecidos e não podem causar doenças. Existem dois tipos: aqueles que ainda podem se replicar dentro das células e aqueles que não podem porque os genes principais foram desativados.
Vacinas de ácido nucléico
Pelo menos 20 equipes têm como objetivo usar instruções genéticas (na forma de DNA ou RNA) para uma proteína de coronavírus que solicite uma resposta imune. O ácido nucleico é inserido nas células humanas, que produzem cópias da proteína do vírus; a maioria dessas vacinas codifica a proteína de pico do vírus.
Vacinas à base de proteínas
Muitos pesquisadores querem injetar proteínas de coronavírus diretamente no corpo. Fragmentos de proteínas ou invólucros de proteínas que imitam a camada externa do coronavírus também podem ser usados.
Ensaios da indústria
Mais de 70% dos grupos que lideram os esforços de pesquisa de vacinas são de empresas industriais ou privadas. Os ensaios clínicos começam com pequenos estudos de segurança em animais e pessoas, seguidos de estudos muito maiores para determinar se uma vacina gera uma resposta imune. Os pesquisadores estão acelerando essas etapas e esperam ter uma vacina pronta em 18 meses.
Depreende-se, pelo exposto, que há uma necessidade  imperiosa de adotar medidas de proteção de florestas e de combate à exploração de espécies selvagens para evitar novas pandemias e é urgente o desenvolvimento e a produção de vacinas capazes de imunizar a população do novo Coronavirus.  Na ausência de uma vacina para proteger a população, não há, no momento, outra alternativa a não ser o distanciamento social. Fica, portanto, demonstrado que a humanidade terá que realizar mudanças profundas em sua relação com a natureza para evitar que aconteçam novas pandemias que ameacem sua própria existência e investir maciçamente em P&D voltadas para o desenvolvimento de vacinas para fazer frente aos atuais e novos vírus.
* Fernando Alcoforado, 80, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).
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