Uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP constatou a ocorrência do Staphylococcus aureus, na água de bebedouros e aspersores de quatro parques públicos de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida pela biomédica Geyse Aparecida Cardoso Santos e orientada pela professora Maria Tereza Pepe Razzolini.
A bactéria Staphylococcus aureus compõe a pele humana e se torna perigosa em contextos de imunidade comprometida, sendo muito comum em infecções hospitalares.
O trabalho teve apoio da Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) da Cidade de São Paulo e autorização do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave-5).
As amostras de água foram coletadas dos bebedouros e aspersores dos parques da Aclimação, Ibirapuera, Piqueri e Buenos Aires, escolhidos com base na localização, frequência de usuários e utilização dos referidos dispositivos públicos.
Inicialmente, foram coletadas 552 amostras, das quais 462 eram de água dos bebedouros e 84 de biofilme (placa de bactérias) dos aspersores. No laboratório, as amostras passaram por uma membrana filtrante que deixa passar impurezas, mas retira as bactérias. Em seguida, a membrana foi colocada em um meio de cultura seletivo para o crescimento de determinadas bactérias, nesse caso o Staphylococcus, e incubada a 36ºC por aproximadamente 24 horas. Após as bactérias crescerem, foi realizada uma contagem, para saber a quantidade que havia delas e seguiram para as análises complementares, como a que verifica a morfologia do patógeno.
Segundo a pesquisadora, um dos principais objetivos do trabalho era saber se esse patógeno, mais comum em infecções humanas e animais, estava sobrevivendo na água. “O S. aureus possui uma habilidade de se adaptar a diversos estresses que sofre e consegue desenvolver resistência a antibióticos para infecções básicas até as mais graves”, explica.
As análises também incluíram a verificação dos parâmetros de potabilidade estabelecidos pela lei como a quantidade de cloro, bactérias heterotróficas (grupo de bactérias que compõem a água, mas que acima do limite podem demonstrar alguma contaminação) e Escherichia coli. “Na legislação, a água estava ok para o consumo. Só que cresceram bactérias do tipo Staphylococcus. Então fomos investigar se era realmente Staphylococcus aureus“, comenta Geyse.
O S. aureus não é utilizado como indicador bacteriológico para água em nenhum país do mundo. Mas de acordo com Geyse é necessário ter precaução para a presença da bactéria na água, já que os riscos não são conhecidos. “Não existem dados e pesquisas que discutam esse risco. O Staphylococcus não só pode expressar resistência, como pode transportar tais genes para outras bactérias, inclusive para as bactérias indicadoras de qualidade de água”, completa a pesquisadora.
Fonte: https://www.tratamentodeagua.com.br/