Pesquisadores australianos desenvolveram uma técnica de transplante capaz de devolver os movimentos dos braços e das mãos a pacientes tetraplégicos.
A mão não se mexia durante anos e agora traz a independência de volta. Já dá para beber água sozinho, mexer em dinheiro, usar aparelho eletrônicos e escovar os dentes.
O paciente é um dos voluntários de uma cirurgia pioneira: os cientistas reconectaram nervos para tratar de lesões na coluna cervical.
Para a técnica dar certo, o paciente precisa ter um músculo funcionando acima da lesão. Os médicos transplantam um nervo desse músculo para a área paralisada. As fibras nervosas fazem uma espécie de ponte passando por cima da lesão.
Os nervos se ramificam, reativam o músculo inerte e, às vezes, outros. Pacientes tetraplégicos voltaram a ter o movimento das mãos e cotovelos.
A pesquisadora-chefe explicou que o músculo que perdeu o nervo transplantado é dispensável porque há outros que fazem a mesma função. Ela contou que é um movimento simples, mas que faz toda a diferença.
Uma das grandes diferenças entre a gente e os outros primatas é a nossa capacidade de pinçar os polegares com os outros dedos e essa habilidade foi fundamental para o processo evolutivo porque ela ajudou a raça humana a manipular objetos com mais precisão. Então, para esses pacientes, recuperar esses movimentos foi um avanço gigantesco.
A pesquisa foi publicada na revista “Lancet”, do Reino Unido. Por enquanto, a técnica só é recomendada para as mãos – a reativação das pernas exigiria um grande número de fibras nervosas.
O tratamento requer dois anos de fisioterapia intensa e nem sempre vai ser bem-sucedido. Dos 56 pacientes, dois tiveram perda da sensibilidade em um dos músculos. Mas todos concordaram que vale a pena tentar quando a esperança está alcance das mãos.
Fonte: Jornal Nacional