Os wearables chegam para ficar

Os wearables chegam para ficar

Empresas farmacêuticas já estão utilizando o Fitbits e outros aparelhos que operam presos ao pulso, ao peito e à pele dos pacientes, para levar medicamentos ao mercado mais rapidamente. Ao equipar participantes de testes clínicos com os chamados aparelhos vestíveis (wearables), as empresas estão começando a levantar informações precisas e a reunir dados em período integral com o objetivo de dinamizar testes e entender melhor sobre o funcionamento de um medicamento.

Assim, o que começou como uma ajuda para monitorar movimentos de atletas e pessoas em dieta está se transformando em uma ferramenta importante para pesquisadores, médicos e fabricantes de medicamentos.

Para quem ainda não conhece o termo, wearables são dispositivos vestíveis, ou seja, dispositivos que podem ser facilmente acoplados ao nosso corpo, como pulseiras, relógios, óculos, lentes de contato, roupas, entre outros. Estes vestíveis possuem hardwares que utilizam tecnologias para captar dados ou melhorar a experiência do usuário em diferentes aspectos.

Além disso, no futuro, espera-se que os wearables possam ajudar fabricantes de produtos farmacêuticos a provar para empresas de seguros que seus tratamentos são efetivos, reduzindo assim os custos com a saúde. A utilização de wearables tem o potencial de uma revolução, afirma Kara Dennis, diretora-gerente de saúde móvel da Medidata Solutions Inc., que presta consultorias a empresas sobre formas de melhorar testes clínicos. Até o momento, de acordo com registros dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, pelo menos 299 testes clínicos estão utilizando wearables.

Movimento de pacientes

Um estudo mostrou que a GlaxoSmithKline Plc – em um trabalho realizado com a a McLaren Applied Technologies, que faz parte da empresa que fabrica carros esportivos – acompanhou os movimentos de 25 pacientes com doença de Lou Gherig, uma condição neurodegenerativa muscular também conhecida pela sigla ELA. Segundo Paul Rees, líder de desenvolvimento de medicamentos da Glaxo, os participantes foram equipados com um pequeno monitor retangular leve que se adere ao peito. O aparelho, produzido pela empresa de tecnologia médica finlandesa Mega Electronics Ltd., mede a frequência cardíaca, assim como os passos e o aumento na elevação, disse Rees.

Em seguida, dados biométricos são armazenados no aparelho e baixados automaticamente por meio de uma conexão Bluetooth quando um paciente se aproxima de um roteador sem fio que tem o tamanho aproximado de um telefone celular. Após isto, o distribuidor envia as informações a um servidor seguro que a Glaxo é capaz de acessar e elas podem ser usadas para pesquisas dos muito necessários tratamentos da doença.

Enquanto isso, o Departamento de Assuntos de Veteranos prepara-se para realizar, em fevereiro de 2016, testes clínicos para monitorar quem sente dor nas costas. Quem sente esse tipo de dor tende a não ser muito ativo porque os movimentos agravam essa condição, por isso o departamento planeja monitorar os passos dessas pessoas – possivelmente através de um Fitbit, mas o aparelho ainda não foi definido.

Eles vão inserir os dados e outras informações, como avaliação da dor dos pacientes, em um algoritmo para determinar se eles precisam de mais ou menos tratamento, disse John Piette, cientista sênior de pesquisa de carreira no Centro Ann Arbor para Pesquisas de Gestão Clínica do departamento, em Michigan, e um dos pesquisadores principais.

Menos intrusivos

Com o aumento do interesse, as empresas de tecnologia estão procurando formas de tornar os wearables cada vez menos intrusivos. A MC10 Inc., empresa de biotecnologia com sede em Lexington, Massachusetts, EUA, desenvolveu um aparelho do tipo, chamado de “biostamp” (“bioselo”, em tradução livre), um adesivo com circuitos e sensores flexíveis.

O cofundador Ben Schlatka o descreve como um “band-aid inteligente e leve” que pode ser colado em qualquer parte do corpo. A MC10 se associou a uma série de empresas farmacêuticas, mas seu aparelho não está em uso em nenhum teste clínico, disse Schlatka. A MC10 se associou à fabricante de medicamentos belga UCB para trabalhar com desordens neurológicas severas. Schlatka preferiu não identificar outras empresas.

Fonte: Bloomberg

A.V.

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