O Conselho Federal de Medicina (CFM) formalizou nesta terça-feira (21) um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a proibição do uso do polimetilmetacrilato (PMMA) como substância preenchedora no Brasil. O requerimento, entregue pelo presidente do CFM, José Hiran Gallo, ao diretor-presidente substituto da Anvisa, Rômison Rodrigues Mota, aponta riscos significativos do PMMA à saúde, incluindo lesões graves e até mortes em pacientes submetidos a procedimentos estéticos.
Motivações do Pedido
O documento de 35 páginas, embasado em argumentos técnicos e científicos, alerta para o uso indiscriminado do PMMA, especialmente em grandes volumes e por profissionais não médicos. Segundo o CFM, o Brasil enfrenta um problema de saúde pública relacionado à substância, cujo uso não segue as regulamentações vigentes. Entre as infrações destacadas estão:
- Aplicação por não médicos: O registro da Anvisa autoriza apenas médicos a utilizarem a substância.
- Uso em grandes volumes: Não recomendado pela bula e frequentemente associado a complicações severas, especialmente em preenchimentos glúteos.
O presidente do CFM afirmou que, embora o PMMA tenha aplicações seguras em outras áreas da medicina, como ortopedia e odontologia, seu uso estético em grandes volumes é imprevisível e perigoso.
Riscos Associados ao PMMA
Conforme o CFM, o PMMA pode causar complicações como:
- Edemas locais e inflamações crônicas
- Telangiectasias e cicatrizes hipertróficas
- Reações alérgicas e granulomas
- Hipercalcemia e lesões renais graves
Essas reações, segundo o Conselho, podem ocorrer mesmo quando a aplicação é realizada por especialistas, tornando o uso do PMMA inseguro e inadequado para preenchimentos em larga escala. “As complicações do PMMA são tardias, relacionadas a características do produto, e ocorrem mesmo quando aplicados por médicos especialistas”, afirma o presidente do CFM.
Alternativas Seguras
O CFM destacou que há opções mais modernas e seguras para preenchimento estético, como:
- Ácido hialurônico: Reabsorvível e com possibilidade de reversão por meio de hialuronidase.
- Ácido polilático, hidroxiapatita de cálcio e lipoenxertia autóloga: Recomendados especialmente para casos de lipodistrofia em pacientes com HIV/Aids.
Essas alternativas apresentam menor risco de complicações e melhor perfil de segurança.
Repercussões e Contexto Internacional
O documento também aponta que o Brasil é um dos poucos países onde o PMMA ainda é amplamente utilizado para fins estéticos. Na maioria das nações, a substância foi substituída por tecnologias mais avançadas devido aos riscos identificados. Além disso, o tratamento das complicações relacionadas ao PMMA, como inflamações e granulomas, é extremamente complexo e pode causar sequelas irreversíveis.
Ao reforçar o compromisso com a segurança dos pacientes, o CFM se coloca à disposição para colaborar na regulamentação e proteção da sociedade contra os riscos associados ao uso inadequado do PMMA. O Conselho defende que a proibição da substância para fins estéticos é um passo essencial para prevenir complicações graves e garantir a qualidade da medicina no Brasil.
Esse movimento sinaliza a necessidade de revisão e atualização constante dos padrões de segurança em práticas estéticas, promovendo alternativas modernas e eficazes que priorizem a saúde da população.
Foto: portal.cfm.org.br