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SUS, 34 anos e seus desafios

Hoje, 19 de setembro, o Sistema Único de Saúde (SUS) completa 34 anos, a partir da promulgação da Lei nº 8.080 de 1990. Um marco importante para Saúde e Bem-Estar do brasileiro. Reconhecimento e Desafios.

SUS, 34 anos e seus desafios!

O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é uma das maiores redes públicas de saúde do mundo, responsável por atender cerca de 75% da população brasileira. Concebido em 1988 com a promulgação da Constituição Federal, o SUS tem como princípio a universalidade, a integralidade e a equidade, assegurando que todo cidadão tenha acesso aos serviços de saúde gratuitamente, independentemente de sua condição social ou econômica. Desde sua criação, o SUS tem desempenhado um papel crucial na promoção da saúde pública, mas também enfrenta desafios significativos para garantir uma assistência de qualidade e sustentável.

História e Dados Relevantes

O SUS foi instituído pela Constituição de 1988, que garantiu a saúde como um direito de todos e um dever do Estado. Antes de sua criação, o sistema de saúde brasileiro era fragmentado e limitado, com acesso restrito aos serviços médicos por meio de instituições privadas ou planos de saúde.

  • Marco de Criação: O SUS foi formalmente criado pela Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080) em 1990, que regulamentou o sistema e estabeleceu diretrizes para sua implementação.
  • Cobertura Universal: Atualmente, o SUS é responsável por oferecer cobertura de saúde para cerca de 150 milhões de brasileiros, o que inclui consultas médicas, internações, cirurgias, vacinação, distribuição de medicamentos e exames.
  • Vacinação e Impacto na Saúde Pública: Um dos principais marcos do SUS é o programa nacional de imunização. O Brasil, por meio do SUS, tornou-se referência mundial em campanhas de vacinação, tendo erradicado doenças como poliomielite e reduzido drasticamente casos de sarampo, rubéola e tétano.
  • Transplantes de Órgãos: O Brasil é um dos líderes mundiais em transplantes de órgãos, todos realizados gratuitamente pelo SUS. Em 2022, mais de 24 mil transplantes foram realizados pelo sistema, o que o posiciona entre os maiores programas de transplantes públicos do mundo.
  • Atenção Básica e Saúde da Família: O SUS implementou o Programa de Saúde da Família, que hoje cobre cerca de 63% da população. Esse programa tem como objetivo oferecer cuidados primários em saúde, prevenindo doenças e promovendo o bem-estar de forma integral e acessível.

Principais Desafios do SUS

Embora o SUS tenha conquistado avanços expressivos desde sua criação, o sistema enfrenta desafios estruturais e de financiamento que afetam a qualidade e a eficiência dos serviços prestados.

  1. Subfinanciamento

O subfinanciamento é um dos principais obstáculos enfrentados pelo SUS. Apesar de sua grandeza e importância, o orçamento destinado à saúde pública no Brasil é considerado insuficiente para garantir a qualidade de atendimento. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil investe cerca de 9,5% de seu PIB em saúde, enquanto países com sistemas de saúde universais, como o Reino Unido, investem cerca de 10,3%. Desse valor, apenas cerca de 4% é destinado ao SUS, com o restante sendo alocado ao setor privado.

  • Efeitos do Subfinanciamento: A falta de recursos compromete a modernização das unidades de saúde, o fornecimento de medicamentos, a contratação de profissionais de saúde e a manutenção de hospitais. Isso resulta em longas filas de espera para cirurgias, exames e consultas.
  1. Desigualdade Regional

O Brasil é um país de grandes dimensões e de profundas desigualdades regionais. O acesso à saúde é muito mais restrito em regiões remotas e em áreas com baixa densidade populacional, como a Amazônia Legal e o Nordeste.

  • Carência de Infraestrutura: Em muitas áreas rurais e periféricas, a infraestrutura de saúde é insuficiente, com falta de médicos, medicamentos e hospitais adequados. Isso obriga pacientes a viajarem longas distâncias para receber atendimento, aumentando o tempo de espera e piorando prognósticos.
  1. Gestão e Eficiência

A gestão dos recursos e a coordenação entre os diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal) são outro desafio crítico para o SUS. A descentralização do sistema, embora permita maior autonomia para os municípios, também traz complexidade para a administração e distribuição equitativa de recursos.

  • Corrupção e Má Gestão: Casos de má gestão e corrupção na compra de equipamentos e insumos hospitalares também prejudicam a qualidade do atendimento. A falta de transparência e controle rigoroso na alocação de recursos é um problema crônico em algumas regiões.
  1. Envelhecimento da População

O Brasil está passando por um rápido processo de envelhecimento populacional. Estima-se que, até 2050, mais de 30% da população será composta por idosos, o que gerará uma demanda ainda maior por cuidados de saúde, especialmente na área de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.

  • Impacto no SUS: O aumento da demanda por tratamento de doenças crônicas e cuidados de longo prazo pressionará ainda mais o sistema, que já sofre com a falta de capacidade para atender de forma adequada a demanda atual.
  1. Pandemia de COVID-19

A pandemia de COVID-19 expôs ainda mais as fragilidades e fortalezas do SUS. Por um lado, o sistema foi fundamental para a realização de campanhas de vacinação em massa e para o atendimento de milhões de pacientes. Por outro lado, a crise sanitária revelou a necessidade de mais investimentos e melhorias na infraestrutura de saúde.

  • Desafios Pós-Pandemia: A pandemia aumentou o déficit de atendimentos eletivos, com milhares de cirurgias e exames sendo adiados. O SUS precisará enfrentar esse passivo ao mesmo tempo em que lida com as consequências a longo prazo da COVID-19, como a Síndrome Pós-COVID.

SUS e o Bem-Estar Social

O SUS foi concebido como um sistema de saúde que visa garantir o bem-estar social da população. Seu papel vai além do atendimento emergencial, abrangendo a promoção da saúde preventiva, programas de educação em saúde e campanhas de imunização.

  • Acesso Universal: Um dos maiores méritos do SUS é seu caráter universal, garantindo que mesmo os brasileiros sem condições de arcar com planos privados tenham acesso a tratamentos de alta complexidade, como quimioterapia, transplantes de órgãos e medicamentos de alto custo.
  • Programas de Saúde Pública: O sistema também é responsável por diversos programas de grande impacto, como a prevenção e tratamento de HIV/AIDS, controle de tuberculose e hanseníase, além de campanhas anuais de vacinação que garantem a proteção da população contra doenças contagiosas.

Perspectivas Futuras

Para que o SUS continue a desempenhar um papel central na promoção da saúde e do bem-estar social, é necessário um maior compromisso político e financeiro. Algumas das medidas necessárias incluem:

  • Aumento de Investimentos: É essencial aumentar o financiamento público da saúde, garantindo que os recursos sejam suficientes para atender às necessidades crescentes da população, especialmente em áreas mais vulneráveis.
  • Inovação e Tecnologia: A incorporação de novas tecnologias e a modernização dos processos de atendimento são cruciais para melhorar a eficiência do SUS. A telemedicina, por exemplo, pode ser uma solução para reduzir as barreiras de acesso em áreas remotas.
  • Formação e Valorização de Profissionais: A capacitação contínua e a valorização dos profissionais de saúde são fundamentais para manter a qualidade do atendimento, garantindo que médicos, enfermeiros e demais profissionais estejam preparados para lidar com os desafios do sistema.

O SUS é um pilar essencial da saúde pública no Brasil e tem realizado conquistas notáveis ao longo de suas três décadas de existência. No entanto, os desafios que enfrenta, como o subfinanciamento, as desigualdades regionais e a gestão ineficaz, precisam ser abordados para que o sistema continue a garantir o direito à saúde para todos os brasileiros, cumprindo seu papel de promover o bem-estar social.

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