Em 2025, o Brasil, por meio do Ministério da Saúde, assumirá a liderança do Comitê Executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids). A nomeação reforça o protagonismo do país no combate ao vírus e na implementação de políticas de prevenção e tratamento da doença.
Segundo Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do ministério, a posição permitirá que o Brasil contribua ativamente para a resposta global à epidemia. “Somos o único país em desenvolvimento entre os seis no mundo que oferecem acesso universal e gratuito ao tratamento do HIV/AIDS”, destacou.
Avanços no combate ao HIV e à Aids no Brasil
Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que o Brasil atingiu a menor taxa de mortalidade por AIDS desde o início da epidemia, com 3,9 óbitos a cada 100 mil habitantes. Além disso, o país ultrapassou a meta global de diagnóstico, com 96% das pessoas vivendo com HIV identificadas, superando o índice de 95% estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outro avanço significativo foi o crescimento do uso da profilaxia pré-exposição (PrEP). Atualmente, mais de 110 mil pessoas fazem uso da medicação preventiva, um aumento expressivo de 118,4% em relação a 2022, quando havia 50,7 mil usuários. Para a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ethel Maciel, esses números demonstram o compromisso do governo brasileiro em garantir que mais pessoas tenham acesso a métodos eficazes de prevenção e tratamento. “Nossa experiência será fundamental para fortalecer a resposta internacional ao HIV e à aids”, pontuou.
Referência mundial no tratamento do HIV/AIDS
A consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a implementação da Lei nº 9.313/1996 garantiram a universalização do acesso à terapia antirretroviral no Brasil. Desde então, o governo distribui gratuitamente medicamentos para todas as pessoas vivendo com HIV/AIDS. Atualmente, há 22 medicamentos disponíveis em 38 apresentações farmacêuticas, garantindo maior eficácia e adesão ao tratamento.
A política nacional de combate à AIDS conta com parcerias estratégicas entre o Estado e Organizações da Sociedade Civil (OSC), que auxiliam na construção de diretrizes e na ampliação do acesso a grupos vulneráveis. O acesso universal aos antirretrovirais inclui tanto a PrEP (medicação preventiva) quanto a PEP (profilaxia pós-exposição), fundamentais na redução da transmissão do HIV.
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Brasil tem se destacado pela abordagem baseada em evidências científicas e no direito universal à saúde. No entanto, a ministra reconhece que desafios persistem, principalmente para populações socialmente vulneráveis, como pessoas negras, indígenas, travestis e transexuais. “Apesar dos avanços tecnológicos, barreiras no acesso aos serviços de saúde ainda existem. Nosso compromisso é garantir que essas populações tenham atendimento adequado e políticas que vão além da saúde, enfrentando os determinantes sociais da epidemia”, afirmou.
Brasil no cenário global do HIV/AIDS
A liderança brasileira no Unaids reforça o papel do país como referência internacional no combate ao HIV/AIDS. Com um modelo inclusivo, gratuito e universal, o Brasil continuará influenciando políticas globais e compartilhando sua experiência na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, reafirmando seu compromisso com a saúde pública mundial.