Uma técnica que aumenta a segurança do sangue para quem vai receber transfusão começa a ser usada hoje (19) no Instituto de Hematologia do Estado do Rio de Janeiro (Hemorio). A instituição recebeu ontem (18) os kits para fazer a inativação de patógenos no sangue doado. Com eles, as bolsas de plaqueta e de plasma vão passar por um procedimento que elimina vírus, bactérias, fungos e protozoários.
De acordo com o diretor do Hemorio, Luiz Amorim, o processo é muito importante porque complementa a triagem clínica do doador e os testes laboratoriais feitos em todo sangue doado.
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“Essas medidas, embora confiram uma segurança muito grande no sangue doado no Brasil, semelhante a de outros países do mundo, não garantem que não haja transmissão de algum agente infeccioso. Com esses kits, pelo menos para plasma e para plaquetas, conseguimos garantir que, se houver algum agente infeccioso, algum micróbio, vírus, bactéria, protozoário na bolsa, esse micróbio será eliminado com essa técnica que vamos passar a aplicar no Hemorio. Então, é um avanço muito grande que aumenta a segurança de quem vai receber transfusões”, afirmou o diretor.
Segundo ele, o processo é capaz de eliminar inclusive o HIV, vírus que causa a aids. “O HIV é testado, são dois testes diferentes, um que a gente procura anticorpo para o HIV e outro que procuramos o próprio vírus, que é mais moderno.”
Conforme Luiz Amorim, nenhum dos dois testes, “nem no Brasil e nem em nenhum lugar do mundo”, dá uma segurança de 100%. “Sempre existe uma possibilidade remota de que a pessoa tenha se contaminado, digamos, há dois dias. Nenhum teste vai pegar se o sangue teria o vírus. Esse kit justamente mataria o HIV também. Se tiver HIV na bolsa, seria eliminado por esse kit.”
De acordo com o diretor, o método é inédito no Brasil e estava no planejamento da instituição para ser um legado de avanço tecnológico da Olimpíada. “Acontece que houve o problema econômico no estado do Rio de Janeiro. Não foi possível adquirir. Então, a empresa fornecedora resolveu fazer uma ação humanitária e doar esses kits para que possamos usar na Olimpíada.”
“Essa quantidade vai suprir todo o sangue que será usado durante o período olímpico. Todo plasma e todas as plaquetas. Depois, vamos comprar mais. Aí, vamos ver se teremos recursos suficientes. É uma vontade, porque não sabemos nem o preço, porque o kit ainda não foi vendido no Brasil”, disse Amorim.
O processo já é utilizado na França, Suíça, Espanha, Holanda, Grécia, Itália, Japão e Estados Unidos, que começaram a usar o kit este ano. No Brasil, o processo foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) no fim do ano passado e já passou por testes no Rio de Janeiro e em São Paulo, como uma das medidas para evitar a transmissão de dengue, chikungunya e Zika durante os Jogos Rio 2016.