Lições de Freud sobre auto-sabotagem

Lições de Freud sobre auto-sabotagem

Brett Kahr, pesquisador de psicoterapia e saúde mental, acaba de lançar o livro “Lições de Vida: Freud”, parte da série  “School of Life” que tem entre os seus principais pontos, o de que Freud havia compreendido que erros catastróficos e explosões na vida particular não aconteciam depois de um fracasso, mas após uma vitória.

Segundo ele, Sigismund Freud – médico neurologista e criador da psicanálise-  teria entendido que quando triunfamos sobre nossos pais ou acreditamos tê-lo feito – seja porque nos tornamos mais ricos, mais férteis ou mais bem-sucedidos do que eles -, experimentamos uma sensação de culpa por tê-los ferido ou envergonhado. E que, por outro lado, tememos ser atacados por nossos pais, como forma de enfrentar sua própria inveja.

Para Kahr, é normal ficarmos infelizes se não formos promovidos, se nosso parceiro ou nossa parceira nos deixar ou se os filhos de alguma forma no decepcionarem. Mas, Freud introduziu uma nova ideia na psicologia, a saber, que todos temos sérias possibilidades de ficar perturbados quando nossos desejos de fato se realizam, não porque não saibamos muito bem o que fazer com nosso novo status ou riqueza, e sim por temermos ter feito algum mal a nossos pais”, escreve.

Em “Alguns Tipos de Caráter Encontrados na Prática Psicanalítica”, Freud conta a história de uma paciente de boa família que desde menina tinha o hábito de fugir de casa para viver aventuras. Até que se envolveu com um artista que conseguiu fazer com que sua família se reconciliasse com ela.

“Nesse momento ela começou a desmoronar. Passou a negligenciar a casa de que estava pronta para tornar-se legítima dona, imaginando-se perseguida pelos parentes, que queriam levá-la de volta à família, isolou o amante, com seus absurdos ciúmes, de todo convívio social, comprometeu o trabalho artístico dele e logo veio a sucumbir a uma doença mental incurável”, escreve o psicanalista.
Experimentar alegrias como casar com a namorada, trazer um filho ao mundo ou concluir um relatório no trabalho traz alegria e alívio no nível consciente. O inconsciente, por outro lado, pode trazer riscos.

“Quando nosso cônjuge, recém-promovido, der a entender que gostaria de começar a saltar de paraquedas em queda livre, domar leões ou lutar com crocodilos, para gastar o dinheiro que começa a sobrar, talvez seja melhor sugerir uma alternativa”, finaliza o autor.Na foto, Freud, em 1931, posando para o escultor Oscar Neumon, em Viena.

Fonte: Folha/UOL

A.V.

 

 

O jornalismo independente e imparcial com informações contextualizadas tem um lugar importante na construção de uma sociedade , saudável, próspera e sustentável. Ajude-nos na missão de difundir informações baseadas em evidências. Apoie e compartilhe

Send a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.