Quando o público e o privado andam juntos

Quando o público e o privado andam juntos

HSEle é administrado por uma empresa privada, mas pertence ao governo baiano e só realiza atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Como isso é possível? Desde que começou a funcionar, em setembro de 2010, o Hospital do Subúrbio (HS), em Periperi, é administrado através de uma Parceria Público-Privada (PPP), pela Prodal Saúde. Esta foi àprimeira PPP do Brasil no setor.

Funcionou assim: o Estado, responsável pela construção do prédio, gastou mais R$ 50 milhões na obra e depois entregou para a Prodal Saúde a responsabilidade de equipar, administrar e operar a unidade. A empresa ganhou a concessão por dez anos, em um leilão realizado na BM&F Bovespa em março de 2010.

Na época da inauguração, muita gente discordou do modelo de gestão adotado pelo então governador Jaques Wagner, alegando que se tratava de privatização da saúde. Mas a iniciativa deu certo e hoje a unidade é bem avaliada pela maioria dos pacientes: “Eu acho que este é um dos melhores hospitais de Salvador, minha filha ficou internada quase duas semanas para uma cirurgia de retirada do apêndice e eu só tenho a agradecer a equipe médica”, comemora o comerciante Alfredo Martins, 58, anos.

 

Reconhecimento Internacional

Jorge Oliveira 01Os bons resultados fizeram com que o modelo de gestão adotado pelo HS se tornasse referência no Brasil e no exterior. Em 2012, a unidade foi eleita como uma das 100 iniciativas mais inovadoras do mundo pela KPMG, uma das principais empresas internacionais de consultoria e auditoria. Em abril de 2013, o hospital recebeu o prêmio Parcerias Emergentes, do International Finance Corporation (IFC), instituição financeira do Banco Mundial, e do Infrastructure Journal como um dos dez melhores projetos de PPP da América Latina e do Caribe. Antes, já recebera um prêmio semelhante da revista World Finance, sediada em Londres.

Este ano ficou em segundo lugar entre os concorrentes da América Latina na categoria “Melhorando a Entrega de Serviços Públicos”, do prêmio concedido pela Organização Nações Unidas (ONU), que reconhece instituições que promovem inovação nos serviços públicos.

Para o presidente da Prodal Saúde, Jorge Oliveira, o ‘segredo do sucesso’ é o comprometimento com as metas contratuais: “A remuneração da concessionária está atrelada a indicadores quantitativos e qualitativos. Os indicadores quantitativos estão relacionados com a quantidade de atendimentos de emergência e de internação, além das saídas hospitalares. A parte quantitativa representa 70% da remuneração da concessionária e os outros 30% estão relacionados a indicadores de desempenho qualitativos. São cerca de 30 indicadores, como as reduções das taxas de mortalidade, infecção hospitalar e mortalidade no procedimento operatório e o tempo de realização de cirurgias de urgência emergência”.

 

Certificação do atendimento prestada para a população

Com 313 leitos, o HS custa R$ 17 milhões mensais para o governo. Ele também tem pacientes deitados em macas ou colchonetes espalhados pelos corredores. Mas a instituição já atingiu o nível 2 da certificação concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), o que atesta que a unidade possui uma gestão integrada que está preocupada com os processos que procuram garantir a segurança do paciente. “Uma das metas mais importantes diz respeito à acreditação hospitalar. O Hospital do Subúrbio teve como meta contratual ser acreditado pela Organização Nacional de Acreditação. Ele tinha que conquistar esta acreditação, nível 1, no prazo de dois anos e nós já chegamos ao nível 2, apesar dele não ser exigido contratualmente”, afirma.

Para o futuro, o desafio é continuar superando os desafios diários do serviço público, mantendo o padrão de qualidade do setor privado. “Eu acho que a sofisticação do projeto de gestão, diz respeito a prestar uma assistência cada vez melhor e mais segura ao paciente. Este é o nosso grande desafio”, diz.

 

Ana Paula Lima

 

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